Indicadores melhoram e recessão está perto do fim, sinaliza CNI

21/10/2003 - 16h52

Brasília, 21/10/2003 (Agência Brasil - ABr) - A recessão está chegando ao fim para a indústria, mas ainda não mostra sinais de retomada de crescimento. Esta é a avaliação da Confederação Nacional da Indústria (CNI), por meio da Sondagem Industrial, realizada entre julho e setembro deste ano. A pesquisa qualitativa, realizada com 1.247 empresas, sendo que 215 são de grande porte, avaliou o desempenho do setor com base em um indicador que vai de zero a 100 pontos (valores acima de 50 indicam evolução positiva).

De acordo com os dados, a evolução da atividade industrial permaneceu abaixo dos 50 pontos, em comparação com o segundo trimestre do ano. Ou seja, segundo a CNI, a produção industrial parou de cair, mas ainda não começou a crescer. Entretanto, Os indicadores de produção (48,9) , faturamento (48,5) e número de empregados (48,5 para pequenas e médias empresas e 49,1 para as grandes) mostraram uma relativa estabilidade na produção e nas vendas.

"A recessão está chegando ao fim porque os indicadores pararam de piorar", afirma Flávio Castelo Branco, coordenador de política econômica da CNI. Os indicadores do nível de atividade mostram um crescimento da produção, em comparação com o segundo trimestre deste ano, que passou de 43 para 48,9 pontos. O faturamento saiu dos 43,1 pontos para 48,5 e de emprego de 45,8 para 47,6 pontos.

No entanto, os estoques de produtos finais estão acima do planejado, principalmente para as grandes empresas, 57,1 contra 53,2 paras as pequenas e médias. Segundo a CNI, esses indicadores ainda estão altos, isto porque 35% das grandes empresas declararam estar com estoques acima do desejado e menos de 10% abaixo do planejado. No caso das pequenas e médias empresas, o percentual dos que estão com estoques abaixo do planejado ficou em 22%.

Já o indicador de lucratividade cresceu, mas ainda está abaixo dos 50 pontos. Os setores que tiveram maior perda de lucratividade, no trimestre, foram Mobiliário, Madeira, Minerais Não Metálicos e Material Elétrico, com indicadores abaixo de 34 pontos.

Segundo a avaliação do coordenador de política econômica da CNI, Castelo Branco, a sustentação da atividade industrial, nos últimos meses, foi devida às exportações. Outros fatores seriam o aumento sazonal da demanda doméstica e o abrandamento da política monetária, com a queda dos juros em seis pontos percentuais. "Temos expectativa de crescimento para os próximos seis meses", afirma. Para ele, a expansão do setor, nos próximos meses, dependerá do aumento de crédito disponível para consumo, com linhas de financiamento e também com queda de juros e liquidez da economia.

A sondagem também pesquisou os principais problemas enfrentados pelas empresas industriais. A carga tributária ficou em primeiro lugar, com 57 pontos para as pequenas e médias e 63 para as grandes empresas. A falta de demanda é o segundo problema mais votado, tanto para as pequenas e médias (45) quanto para as grandes (47). A competição acirrada de mercado teve 40% dos votos, sendo o terceiro maior problema.