Brasília, 21/10/2003 (Agência Brasil - ABr) - Brasília – A ministra da Assistência e Promoção Social, Benedita da Silva, pagou hoje com um cheque de R$ 4.678,38, as duas passagens aéreas usadas para a polêmica viagem à Argentina no mês passado. "Ela não fez nenhum depósito em juízo. Ela pagou as duas passagens. O mais importante, a essa altura do campeonato, era que ela pagasse as passagens, e isso já foi feito", disse o advogado da ministra, Luiz Paulo Viveiros de Castro.
Encerrada essa etapa, Viveiros pretende reunir toda a documentação comprovando que a ministra não recebeu diárias para participar do encontro religioso em Buenos Aires para pedir a análise do Tribunal de Contas da União (TCU). Se ficar comprovado que não houve nenhuma irregularidade, a ministra deve pedir o ressarcimento do cheque. Um dos documentos que o advogado aguarda é um comprovante do Banco do Brasil de que não foi realizada nenhuma operação de câmbio para pagamentos de diárias. Segundo o advogado, não faz sentido pedir para o TCU analisar a situação, se não forem entregues todos os documentos que podem ser usados para acusar a ministra.
"A toda hora surge uma coisa nova. Primeiro, foi preciso explicar que ela não pagou o hotel, que isso foi feito pela organização do evento. Depois, veio a história de que ela recebeu diária, mas já temos documentação do Ministério para comprovar que isso não ocorreu. O documento do Banco do Brasil é só para reforçar a defesa. Além disso, temos agora o documento que comprova o estorno do valor pago pelas passagens", disse.
A polêmica em torno da ministra Benedita da Silva começou no final de setembro, depois que ela participou de um café da manhã de evangélicos na capital argentina. A autorização da viagem foi publicada no Diário Oficial da União (DOU), mas a razão apresentada no dia da publicação deu início às críticas. O motivo oficial, conforme o DOU, foi a participação de Benedita no 12o Café da Manhã Anual de Oração, e não o encontro com a ministra do Desenvolvimento Social da Argentina, Alicia Kirchner.
Benedita argumentou que foi um erro burocrático, pois um funcionário do Ministério teria esquecido de protocolar o encontro com a ministra argentina. O presidente Lula chegou a defender a ministra num café da manhã com jornalistas das principais rádios do país, mas vários outros integrantes do governo sugeriram a devolução dos recursos para acabar com a discussão. No início da noite de sexta-feira, Benedita garantiu, em entrevista na porta do Ministério, que iria devolver o dinheiro e disse que queria ver o assunto encerrado.