Centro Cultural do Banco do Brasil promove a exposição ''Arte da África''

19/10/2003 - 8h17

Rio, 19/10/2003 (Agência Brasil - ABr) -Teatro contemporâneo, cinema, música, literatura e artes plásticas, todo universo da arte africana consta do evento "Arte da África", em cartaz até o dia 4 de janeiro de 2004, no Centro Cultural Banco do Brasil do Rio de Janeiro.

Com um investimento de US$ 900 mil, o projeto vai apresentar pela primeira vez no Brasil mais de 300 peças do Museu Etnográfico de Berlim, onde estão guardados 75 mil objetos oriundos de todo o continente, principalmente de Benim, da República dos Camarões, da região do Congo e da África Oriental. A mostra pretende revelar ao público a beleza e a diversidade das obras produzidas ao longo de vários séculos em praticamente todo o território do continente africano - são contemplados 31 países da África subsaariana, com obras confeccionadas entre os séculos XV e XX.

A exposição não exibirá apenas esculturas figurativas e máscaras. Objetos da cultura cotidiana, como jóias de ouro e marfim, pentes com decorações figurativas, apoios para nuca e saleiros fazem parte. A escolha do curador Peter Junge reflete a própria estrutura artística da África, continente que desconhece a separação estrita entre a arte e as artes aplicadas ou design.

Junge, que é doutor em etnologia pela Universidade Livre de Berlim e curador-chefe do Departamento de África do museu berlinense, faz questão de frisar que a exposição não é de cunho antropológico. Trata-se de uma mostra de arte dividida em três centros temáticos: escultura figurativa, máscaras e instrumentos musicais, e objetos de uso.

O curador também selecionou dois grupos de peças que mostram a evolução histórica da arte africana e sua posição na troca com outras culturas. "O intercâmbio econômico foi secundado por um intercâmbio cultural e artístico. Desde o século XV, entalhadores africanos produziam para o mercado europeu. Sugestões européias eram retomadas no Reino de Benim, na região do Congo e na Etiópia, e logo surgiu uma arte cristã, e muitos artistas do período colonial refletiram os acontecimentos políticos e culturais nas suas obras", explica o curador.

Depois do Rio, a mostra segue em versões menores para São Paulo e Brasília. Paralelamento à exposição, haverá shows de artistas como Sally Nyolo (Camarões), Teófilo Chantre (Cabo Verde), El Hadj N'Diaye (Senegal) e o brasileiro Chico César.

Estão previstos debates com cineastas e um ciclo com filmes dos últimos 30 anos. Destaque para o senegalês Djibril Diop Mambety, ícone da produção local. Participam de palestras ou de rodas de leitura convidados como Peter Junge, Kabengele Munanga, vice-diretor do Centro de Estudos Africanos da USP, e os escritores Nuruddin Farah (Somália) e o angolano Artur Costa Maurício Pestana dos Santos, o Pepetela.

Intelectuais e especialistas brasileiros e internacionais participam do seminário "Refletindo a África" , que abordará a geopolítica e a economia do continente, sua situação atual e os laços entre o Brasil e a África.

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