Brasília, 16/10/2003 (Agência Brasil - ABr) - Das 2,8 milhões de pessoas que concluíram o curso universitário entre 1992 e 2001 no Brasil, cerca de 425 mil trabalham em subempregos para sobreviver. O dado é de uma pesquisa realizada pela Secretaria de Desenvolvimento, Trabalho e Solidariedade da Prefeitura de São Paulo.
O estudo revelou também que mais de 80 mil pessoas que têm curso superior trabalham como açougueiro ou funcionário da indústria alimentícia. E cerca de 75 mil trabalham como sorveteiro florista, lenheiro e peixeiro para sobreviver.
Sílvia Amélia Alves de Freitas, 25 anos, não faz parte dessas estatísticas, mas se formou em ciência da computação no ano passado e até agora não conseguiu um emprego. "O único trabalho que arrumei pagava um salário bem abaixo do mercado. Hoje, as pessoas estão muito exigentes, só contratam quem tem mais de dois anos de experiência", conta. "O pior é que o mercado está assim para todos. Os meus amigos que formaram comigo também não conseguem emprego e os que trabalham ganham muito pouco".
O ministro do Superior Tribunal do Trabalho, Francisco Fausto, ficou preocupado com os dados. Ele afirmou que os prejuízos são enormes, tanto para o setor público quanto para o profissional. "Primeiro é o prejuízo para o setor público, que investe pesado na oferta de cursos universitários gratuitos e, no entanto, os alunos se formam, mas não têm onde trabalhar. O segundo é o prejuízo para o próprio profissional, que, mesmo formado, se vê obrigado a aceitar qualquer tipo de ocupação dada a urgência da subsistência".
Para o ministro a solução está ligada à implementação de políticas geradoras de emprego e á atualização do trabalhador.