Lula diz a professores que terá tempo para cumprir o que prometeu

15/10/2003 - 14h50

Paula Medeiros
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reconheceu hoje que o Brasil ainda tem uma dívida muito grande com a educação. Durante a solenidade em comemoração ao Dia do Professor, no Palácio do Planalto, o presidente disse que o seu governo ainda não conseguiu fazer 10% do que pretende para melhorar a educação no país. Lembrou, entretanto, que tem apenas nove meses de mandato e que ainda terá tempo suficiente para cumprir o que prometeu. "Nós sonhamos grande. Mas pensamos no tamanho do passo que nossa perna pode dar. Não vamos fazer nem prometer nada que não possamos cumprir", afirmou Lula.

Para uma platéia de professores de todo o país, o presidente citou as dificuldades enfrentadas pelos educadores, como os baixos salários, a falta de estrutura das escolas e a situação dos alunos, que muitas vezes chegam para estudar com fome. "Nós sabemos que não temos o direito de ficar reclamando com mais ninguém, porque o povo nos elegeu para cuidar disso", afirmou Lula. Segundo ele, o Ministério da Educação tem funcionários qualificados e empenhados em garantir uma educação de qualidade em todo o país.

Ao receber um documento da Confederação Nacional da Educação, o presidente afirmou que 99% das propostas citadas no documento já fazem parte de seu programa de governo. "Nós sabemos o que fazer e mais do que ninguém o Cristovam Buarque (ministro da Educação) tem o compromisso de, em nome do governo, tentar mudar a realidade da educação nesse país", disse.

Lula reconheceu que a má qualidade do ensino faz com que as crianças que freqüentam as escolas aprendam menos que o esperado. "Não é bom para o país, não é bom para o presidente, não é bom para o educador que uma criança fique na escola e depois de quatro anos a gente constate que essa criança aprendeu muito pouco".

O presidente Lula lembrou que tem um compromisso histórico com a educação e prometeu empenho para melhorar o ensino no país. "Vocês podem ficar certos de que a cada dia, a cada mês, a cada ano, nós enquanto governo, nós enquanto presidente da República e ministro da Educação, estaremos dispostos a cumprir com os compromissos que nós assumimos", afirmou.

O presidente disse que o mandato do presidente dura apenas quatro anos, mas que a carreira de um professor continua ainda por muito tempo. "O mandato é só de quatro anos, e vocês continuam muitas vezes trabalhando por mais 30 ou 40 anos dentro de sala de aula. Eu quero terminar meu mandato e poder viajar por esse país afora, fazendo caravanas, e em cada lugar que eu chegar eu quero poder olhar na cara de um professor ou de um a professora e dizer para vocês: eu dei a minha pequena contribuição para melhorar a educação no nosso país", afirmou o presidente.

Apesar da difícil situação enfrentada pelos professores em todo o país e do atraso de uma hora para o início da solenidade, o presidente Lula foi recebido com festa na cerimônia em comemoração ao Dia do Professor. Antes do início do evento, o presidente Lula cumprimentou os cerca de 100 professores que estavam no Palácio do Planalto para participar da cerimônia. Em meio a abraços e beijos, o presidente deu autógrafos e tirou fotos. Na disputa para fazer uma pose ao lado do presidente, várias professoras pediram que o ministro da Educação, Cristovam Buarque, tirasse o retrato. O ministro, com muito bom humor, tirou as fotos, mas teve dificuldades para descobrir de quem eram as máquinas fotográficas.

Um abraço especial foi dedicado a Justa Valentim, de 69 anos, que foi professora de Lula na quarta série, no Grupo Escolar Nossa Senhora Aparecida, em São Paulo. Lula se emocionou ao abraçar a professora. Justa disse que o presidente era um bom aluno, muito tímido, mas muito inteligente. "Ele era bom de leitura, lia muito rápido e sempre tirava notas boas", afirmou. Questionada sobre que nota daria ao governo, Justa disse que, por ainda estar no início, daria 8,5 para o governo, mas 10 para a pessoa do presidente.