Banco do Brasil quer negociar com funcionários em greve

15/10/2003 - 13h35

Brasília, 15/10/2003 (Agência Brasil - ABr) - A direção do Banco do Brasil convidou a Comissão de Funcionários da Empresa, ligada à Central Única dos Trabalhadores (CUT), para nova rodada de negociações às 15 horas desta quarta-feira. O BB fará nova proposta de acordo salarial, de acordo com expectativa do presidente do Sindicato dos Bancários do Distrito Federal, José Wilson da Silva.

Ele disse que o sucesso da greve "por tempo indeterminado", hoje em seu segundo dia, cresce a cada momento com a adesão de mais funcionários do BB em todo o país, e isso leva o banco a reavaliar melhor as reivindicações dos companheiros, que querem 21,5% de reajuste. Com base na proposta da Federação Nacional dos Bancos (Fenab) para os bancários da iniciativa privada, a direção do BB ofereceu 12,6% para quem ganha o piso salarial de R$ 798,00; acima disso, entre 6% e 12%, mais abono de R$ 1,5 mil.

A proposta desagradou aos funcionários, embora o banco alegue que a oferta implica em gastos adicionais de R$ 538 milhões por ano na folha de salários. O argumento não convence, porém, os funcionários do BB, que lembram perdas constantes, nos últimos anos, com correções de salários abaixo da inflação e acentuada perda do poder aquisitivo.

Os funcionários do BB em Porto Alegre, Belém, Cuiabá, Maceió, São Luís, Vitória e Macapá também resolveram aderir ao movimento que até ontem paralisava mais de 80% das agências de Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Recife e Florianópolis.

A direção do banco informa, porém, que o sucesso da greve é apenas parcial, uma vez que mais de 85% das operações de conta-corrente são realizadas nos terminais de auto-atendimento e pela internet. Garante ainda que os correntistas não serão prejudicados e sustenta que a compensação de cheques também não foi afetada, por se tratar de serviço essencial.

O presidente do sindicato diz que a paralisação ganhou força, embora não disponha, ainda, de números atualizados em nível nacional, uma vez que o balanço da movimentação será fornecido só no meio da tarde, e servirá de subsídio, juntamente com a aguardada contraproposta do BB, para a assembléia de funcionários, convocada para as 18h30 de hoje, em frente ao edifício-sede do banco. A assembléia, segundo José Wilson, vai deliberar sobre a proposta, se houver. Caso contrário, será apenas para avaliar a continuidade, ou não, da greve.

Os funcionários da Caixa Econômica Federal (CEF) também acompanham a movimentação com interesse, uma vez que eles estão no rastro da paralisação dos funcionários do BB para reivindicações semelhantes, pois a data-base dos economiários também é 1º de setembro. O movimento paredista na Caixa começou com menor intensidade, ontem, com fechamento de agências no Rio, Niterói, Belo Horizonte e Cuiabá; e ganhou o reforço, hoje, de Brasília, Bahia, Espírito Santo, Alagoas, Pará e Amapá.

Assembléias também serão realizadas ainda hoje pelo pessoal da Caixa nos estados de São Paulo, Ceará, Pernambuco e Acre, para avaliar se aceitam, ou não, a proposta da direção da CEF, que ofereceu reajuste de 12,6%, mas só sobre salário-base e gratificação de função.