Brasília, 14/10/2003 (Agência Brasil - ABr) - O deputado Raul Jungmann (PPS/PE) rebateu hoje, numa entrevista ao site do PPS na internet, as críticas feitas pelo presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Rolf Hackbart, de que os números de famílias assentadas enquanto esteve à frente do Ministério de Desenvolvimento Agrário no governo Fernando Henrique foram "inflados". Jungmann garante que o número de 600 mil famílias assentadas em oito anos é incontestável e desafiou o atual presidente do Incra a fazer uma auditoria independente para não mais deixar dúvidas sobre o processo de reforma agrária do governo Fernando Henrique Cardoso.
Jungmann é integrante da base aliada do governo na Câmara, mas não se intimidou e quebrou o silêncio que vinha mantendo desde o início do ano. Por respeito ao seu sucessor, Miguel Rosseto, o deputado garante que evitava fazer comentários sobre "o desastre que tem sido a reforma agrária". Jungmann disse que reconhece as restrições orçamentárias e também por essa razão evitava fazer avaliações sobre o processo de reforma agrária no governo Lula. As críticas do presidente do Incra, no entanto, foram a gota d’água, disse.
Na entrevista, Jungmann afirma que a reforma agrária no governo Lula está "paralisada como há muitos governos não se via" e devolve as acusações ao lembrar que o jornal "O Globo" publicou denúncia contra o Incra relativas justamente à contagem irregular de famílias no programa de reforma agrária. "Pior do que fazer o contrário do que sempre defendeu nesta área, o governo Lula não está fazendo nada para a reforma agrária’, criticou.
Para acabar com a polêmica, o ex-ministro quer que o assunto venha a ser debatido no Congresso Nacional. "Esse jogo de lama para lá, lama para cá não faz nenhum sentido", avaliou. Para ele, as acusações "fazem parte de uma discussão pobre, reveladora de um revanchismo eleitoral que deveria estar absolutamente enterrado".