Brasília, 14/10/2003 (Agência Brasil - ABr) - O Comitê Veterinário do Conselho Agropecuário do Sul (CAS), reunido na semana passada em Montevidéu no Uruguai, decidiu que deve haver um investimento maciço em campanhas de vacinação do gado boliviano contra a febre aftosa. De acordo com João Cavallero, diretor do Departamento de Defesa Animal do Ministério da Agricultura, vão ser necessários US$ 3 milhões para, além de imunizar o gado, fazer o processo de brincagem, que vai identificar os animais vacinados e a sua movimentação pelo país e suas fronteiras. João Cavallero defende que o Brasil deve tomar a frente do programa, inclusive com a liberação dos recursos e a cessão de técnicos para os trabalhos. A possível liberação de recursos para o programa deverá ser decidida amanhã em uma reunião entre Cavallero e o secretário executivo do Ministério da Agricultura, Amauri Dimazio.
A primeira vacinação começaria em 1º de novembro terminando em 15 de dezembro. No início do próximo ano aconteceria nova etapa. Cavalllero lembrou que o agronegócio da carne rende US$ 3,6 bilhões/ano ao Brasil e o país tem grande interesse em erradicar a aftosa na América do Sul.
Como exemplo da importância disto, ele citou que os países do Oriente Médio impõem muitas restrições à importação de carne bovina brasileira, justamente por haver na América Latina focos da doença. Cavallero informou que o Brasil dispõe de um estoque de 121 milhões de doses de vacina e que, neste ano, já foram aplicadas 215 milhões. No caso da Bolívia, segundo ele, "teríamos condições de vacinar as seis milhões de cabeças da gado que existem no país".
Cavallero informou que, neste ano, o governo brasileiro doou para os bolivianos 500 mil doses de vacina e, aos produtores nacionais, mais de 1 milhão de doses. O único problema, de acordo com o diretor, é a instabilidade política enfrentada neste momento pelo governo boliviano. Ele acredita que isto poderá dificultar o projeto brasileiro.