Brasília, 13/10/2003 (Agência Brasil - ABr) - O campeão mundial de boxe Acelino Freitas, o Popó, recebeu nesta manhã o apoio do presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST), Francisco Fausto, aos projetos que desenvolve no combate ao trabalho infantil. Em solenidade no TST, o lutador emocionou-se ao falar sobre a infância pobre e disse que veio a Brasília não como Popó, mas como Acelino Freitas. "Eu hoje estou aqui como Acelino, como uma pessoa que viveu muitas dificuldades, passou fome, dormiu no chão e que tem vontade de fazer muitos projetos sociais no país", disse.
O ministro homenageou o lutador entregando uma medalha de comemoração dos 60 anos da promulgação da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), comemorado no dia 10 de novembro. O lutador possui duas academias que ensinam boxe gratuitamente para crianças pobres. Uma funciona em Salvador, cidade onde nasceu. A mais recente foi inaugurada em junho em Goiânia e atende cerca de 200 garotos entre 13 e 18 anos. "A nossa idéia não é formar atletas, mas tirar aquele momento que o jovem tem vago para fazer besteira e colocar ele para treinar boxe", afirmou o pugilista.
Para o presidente do TST, o trabalho infantil é um fenômeno mais difícil de acabar do que o trabalho escravo, pois têm suas raízes na própria cultura do país. Ele lembrou que no Nordeste é comum a figura das "crias de família", crianças que têm educação e assistência médica, mas realizam trabalho doméstico. "Toda vez que você coloca criança no trabalho, você está conseguindo desviá-la do lazer e da educação, portanto comprometendo o futuro da criança", frisou. O ministro também citou os casos mais graves, como os das crianças que realizam trabalho penoso, em locais insalubres ou perigosos.
Popó citou a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) que aponta 1,9 milhão de crianças e adolescentes de 7 a 14 anos fora da escola. "Isso é falta de oportunidade", enfatizou. O lutador destacou a importância do trabalho, mas lembrou que "tem que ter o momento certo, a hora certa". Apesar de proibido pela Constituição, o trabalho infantil doméstico envolve cinco milhões de crianças e adolescentes brasileiros entre 5 e 17 anos, segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT).