Lula promete lutar para que o país volte a investir no cinema nacional

13/10/2003 - 17h42

Marcos Chagas e Gabriela Guerreiro
Repórter da Agência Brasil

Brasília - Depois de lançar o Programa Brasileiro de Cinema e Audiovisual, intitulado de "Brasil, um país de todas as telas", o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi prestigiar o set montado na parte lateral do Salão Nobre do Palácio do Planalto. Lula sentou na cadeira de diretor, vestiu o boné da Agência Nacional de Cinema (Ancine) e, com uma câmera digital de 35 mm, filmou os convidados que o cercaram durante a sua visita ao set de filmagem.

A informalidade marcou o evento, que teve como mestre de cerimônia a atriz Maria Fernanda Cândido. Lula aproveitou para fazer um desabafo. Disse que mesmo diante das dificuldades impostas pelo orçamento, vai lutar para que o país recupere a sua política de investimentos no cinema nacional. Mas para isso, ressaltou, precisa do apoio de todos os cidadãos.

"O governo não conhece tudo e não pode tudo. Para que a gente possa conhecer e fazer melhor é preciso que cada um de vocês assuma esse compromisso. O governo é passageiro. O cinema, o audiovisual e a cultura são eternos. Ao invés de lamentar o que o governo não pôde fazer, por favor imagine-se governo e ajude-nos a fazer o que falta fazer nesse país", enfatizou.

Na avaliação de Lula, os governos anteriores esqueceram a importância do setor audiovisual para o Brasil. "Chegamos ao paradoxo do governo brasileiro não ter política cultural para o país. Os produtores foram expulsos dos nossos cinemas, tratados como descartáveis", disse.

A falta de incentivo por parte do governo, segundo Lula, resultou na migração do público de cinema para as produções internacionais. "Passamos a nos espelhar no que nos é dado ou imposto de fora. A troca é saudável, a dominação não. Bloqueamos os nossos produtos, demos de presente os nossos mercados. Estávamos fazendo isso na contramão da história, no momento em que os países desenvolvidos mais protegiam as suas (produções)", afirmou.
O presidente anunciou investimento de R$ 90 milhões ainda este ano para o cinema brasileiro, recursos que, segundo ele, serão disponibilizados pelo Ministério da Cultura, pela Agência Nacional de Cinema (Ancine) e por empresas estatais.

O presidente também assinou decreto que vincula a Ancine ao Ministério da Cultura. A transferência era uma antiga reivindicação do setor cultural. "Não pense que é fácil fazer a transferência de um órgão importante de um Ministério para outro Ministério. Tem sempre a idéia que esse ou aquele Ministério é o lugar ideal para determinada atividade. Em se tratando de cinema, tínhamos que vincular a Ancine ao Ministério da Cultura", afirmou Lula.