Brasília, 13/10/2003 (Agência Brasil - ABr) - O Ministério das Relações Exteriores não vai terceirizar as negociações sobre o ingresso do Brasil na Área de Livre Comércio das Américas (Alca). A afirmação é do chanceler Celso Amorim. Ressalou, entretanto, que seu ministério necessita do apoio de outras pastas, como Agricultura, Indústria e Comércio e Fazenda, que participaram ativamente da rodada de Cancún no México.
Amorim reiterou que as negociações da Alca envolvem interesses de Estado, interesses de longo prazo e de identidade nacional. Esse aspecto deixou claro que o Itamaraty "está aparalhado para as negociações, atuando sempre em cordenação com os demais ministérios".
Quanto às noticias veiculadas hoje de que o governo substituirá até o final do ano a equipe de negociadores da Alca, Amorim afirmou que tem recebido apoio "principalmente de quem mais interessa, que é do presidente Lula".
Destacou que as negociações em torno da Alca são mais complexas do que as que foram conduzidas na Organização Mundial do Comércio. Amorim disse que são raros os países que têm um grau de desenvolvimento, como o Brasil no continente. "Talvez só a Argentina, fora o México que já é membro do Nafta.
Nesse sentido, o ministro ressaltou que os problemas enfrentados pelo Brasil são diferentes dos que envolvem outros paises. "O verdadeiro debate não é Alca sim, Alca não. O verdadeiro debate é Alca equilibrada ou Alca a qualquer custo, e o que nós queremos é uma Alca equilibrada", afirmou o chanceler.
O chanceler reconheceu que são naturais resistências, quando se trata de mudanças na condução da política internacional do Brasil. Segundo ele, a questão da Alca vinha caminhando no sentido diferente e o interesse nacional era colocado em segundo plano. "Quando você tenta colocar o interesse nacional em primeiro plano, isso gera resistência, como gerou a criação do G-20, na Organização Mundial do Comércio " disse.