Mais de 440 mil moradores da grande São Paulo terão de enfrentar o rodízio no abastecimento de água

11/10/2003 - 9h22

Marli Moreira
Repórter da Agência Brasil

São Paulo - Os reservatórios de abastecimento de água na região metropolitana de São Paulo atingiram, este ano, recordes históricos de baixa na captação o que obrigou o governo do Estado a adotar o esquema de rodízio no fornecimento das áreas mais críticas. Deverão ser afetados pelo corte, cerca de 440 mil moradores de cinco municípios (Cotia, Embu, Embu Guaçu, Itapecirica da Serra e Vargem Grande Paulista) atendidos pelo sistema Alto Cotia e parte pela represa Guarapiranga, na Zona Sul da Capital Paulista.A partir do próximo dia 15, a cada 36 horas, haverá a interrupção por um período de um dia e meio.

Esse racionamento deverá se prolongar até o final de novembro estima Amauri Pollachi, gerente do Departamento de Abastecimento da Sabesp, empresa que atende a 27 milhões de pessoas em 366 municípios. De acordo com ele, a produção em Alto Cotia caiu de mil litros para cem litros por segundo , chegando ao nível de operação em apenas 8% da capacidade. Pollachi explicou que nos últimos sete anos, os índices pluviométricos registrados estão abaixo da média impedindo o preenchimento necessário do nível dos reservatórios.

No período de chamado ano hidrológico, que vai de primeiro de outubro a 30 de setembro, esperava-se por uma quantidade de 1,6 milímetros de chuva em média e "tivemos apenas 1,1 milímetros, fazendo com que nos últimos cinco meses a quantidade atingisse recordes negativos", apontou Pollachi. A situação também é de preocupação no Sistema Cantareira, (no extremo norte da região metropolitana) que serve ao abastecimento de cerca de 9 milhões de pessoas, praticamente, a metade da população da Capital Paulista.

A boa notícia, segundo ele, é que com a chuva de ontem houve uma melhora nas condições, elevando para 8,7% o nível de armazenagem. Dados do Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos, de Cachoeira Paulista, indicam que nos últimos 4 anos, o período de maior seca foi registrado em 2000 com a média de 10 a 15 dias sem chuva nos meses de agosto e setembro. Neste ano, ocorreram intervalos de estiagem mais críticos em pontos isolados como no Noroeste do Estado com períodos de 35 a 45 dias sem chuva.

Além do fim do período da estiagem, a suspensão do rodízio vai depender do uso racional da água mesmo por parte da população onde o fornecimento não está sendo afetado. A Sabesp pretende ainda lançar até o final desta semana, campanha publicitária reforçando as mensagens educacionais sobre como evitar desperdícios. De acordo com estatísticas da Sabesp, o consumo médio oscila em torno de 180 litros por habitante, quantidade bem acima dos cem litros recomendados como suficientes pela Organização Mundial da Saúde (OMS).