Qualidade de vida no Brasil melhora, mas ainda falta saneamento básico no Nordeste, diz pesquisa

10/10/2003 - 15h02

Rio, 10/10/2003 (Agência Brasil - ABr) - A qualidade de vida no Brasil melhorou bastante entre 1992 e 2002, mas ainda há muito que fazer, principalmente na região Nordeste, onde a população continua sofrendo com a falta de saneamento básico. O nível de instrução é o mais baixo do país, as mulheres têm mais filhos e os salários pagos são inferiores aos do restante do país. A conclusão é da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad 2002) divulgada hoje pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

A pesquisa revela que o número de crianças e adolescentes trabalhando no país continua em queda, mas que ainda é significativo, levando-se em conta a política persistente de combate ao trabalho infantil iniciada em 1992. De um total de 43 milhões de menores na faixa de 5 a 17 anos, 5 milhões ainda trabalhavam em 2002. Em 1992, mais de 8 milhões de crianças trabalhavam em diversas atividades, principalmente na agricultura e no trabalho informal, nos grandes centros urbanos.

A melhoria da situação educacional no país em todas as faixas etárias também é confirmada pela pesquisa, mostrando que a taxa de analfabetismo entre as pessoas de 10 anos ou mais caiu de 11,4% em 2001 para 10,9% em 2002. Apesar do avanço, o resultado da região Nordeste continua muito aquém do alcançado pelas outras regiões do país.

A Pnad 2002 revela ainda que a presença das mulheres no mercado de trabalho vem se tornando cada vez maior, mas que elas continuam ganhando menos do que os homens.

Para o presidente do IBGE, Eduardo Nunes, são necessários mais investimentos em políticas de habitação, educação e saneamento básico para melhorar a qualidade de vida da população. As desigualdades sociais, destaca, são agravadas pelos altos índices de concentração de renda. De acordo com a pesquisa, a remuneração média real do trabalhador brasileiro caiu 2,5% de 2001 para 2002 – e a perda maior, de 2,6%, foi para os trabalhadores com salários mais altos. Para os que ganhavam menos, a perda foi de 1,7%.

"O índice de Gini, que mede a concentração de renda, revela que em 2002 ainda é extremamente alta a concentração de rendimentos no país e coloca o Brasil em uma das piores situações, quando comparado com os demais países", acrescentou o presidente do IBGE.

A Pnad 2002 destaca ainda o alto crescimento do número de residências com telefones fixos ou celular e a presença de micro computadores ligados à internet. Por outro lado, o número de rádios nas residências vem caindo, enquanto o de televisores aumenta.

"No sentido global, os resultados da Pnad 2002 mostram uma melhoria, mas também indicam que ainda há muitas áreas que requerem investimentos e políticas públicas no sentido de avançarem ainda mais na qualidade de vida da população", resumiu Nunes, lembrando que a pesquisa confirma o aumento do número de pessoas ocupadas nas atividades por conta própria, sem carteira assinada ou em trabalhos informais, sem vínculo com a Previdência Social.