Brasília, 10/10/2003 (Agência Brasil - ABr) - Durante todo este mês, o Teatro II do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) vai ser o palco da produção teatral vinda da África. O megaevento Arte da África traz ao Brasil três grandes grupos de teatro do continente e um brasileiro e, a cada semana — sempre de quinta a domingo — vai oferecer ao público carioca a oportunidade de conferir a produção teatral africana, ainda pouco conhecida no Brasil.
Abrindo a série, com estréia no dia 15 de outubro, o Grupo Teatral do Centro Cultural Português de Mindelo, de Cabo Verde, traz a peça Palhaços Crioulos de Deus (Cloun Creolus Dei), que questiona o conceito de pecado imposto pela cultura ocidental através da personagem do "Clown". E o Bando de Teatro Olodum, da Bahia (Brasil), leva a montagem Cabaré da Rrrrraça, que discute a presença do negro na sociedade brasileira hoje.
Na segunda semana, o grupo Mutumbela Gogo, de Moçambique, vai apresentar a peça Sexo? Sim, Obrigada ou A Arte de Guanguissar, onde duas mulheres descobrem que falar sobre sexo pode ajudar a recuperar a alegria pela vida. E para encerrar a temporada, o Théatre Talipot, da Ilha da Reunião, traz a montagem de Kalla, o Fogo, em torno do mito de Kalla, mulher rebelde que foi jogada no coração de um vulcão e se tornou símbolo de resistência. O diretor do grupo, Philippe Pelen Baldini, vai ministrar um workshop de três dias, onde vai ensinar algumas das técnicas que os atores do Talipot utilizam em cena.
A programação das três semanas
15, 16, 17, 18 e 19/10 (19h30) – Palhaços Crioulos de Deus (Cloun Creolus Dei) com Grupo Teatral do Centro Cultural Português de Mindelo (Cabo Verde)
Palhaços Crioulos de Deus pode ser considerado, além de um espetáculo, uma coreografia teatral. Através da ironia, do humor e da ternura, próprias da figura secular do clown, a peça vai contra a idéia de pecado que é imposta pela cultura ocidental, questionando as interdições da sociedade. Dirigido por João Branco e interpretado por Anselmo Fortes, Edson Fortes, Elisabete Gonçalves e Paulo Miranda.
O Grupo Teatral do Centro Cultural Português do Mindelo nasceu em 1993, tem tido uma atividade bastante intensa na produção de espetáculos teatrais — já são mais de 30 - e desde o início, vem imprimindo nova dinâmica teatral em São Vicente (capital de Cabo Verde), numa resposta sem precedentes.
15, 16, 17, 18 e 19/10 (19h30) – Cabaré da Rrrrraça, com Bando de Teatro Olodum (Bahia)
Cabaré da Rrrrraça é um misto de espetáculos de variedade, programa de auditório e desfile de moda. A peça foi criada a partir de uma discussão sobre a cara fashion da revista brasileira Raça, publicação direcionada aos negros. Os atores usam roupas de grife, lentes de contato azuis, cabelos transados e desfilam toda a elegância do negro fashion, consumidor e objeto de consumo. Através de esquetes, interação com a platéia, música, dança e humor, os personagens de diversas classes sociais abordam temas como estética afro-pop, raízes culturais, educação, preconceito e discriminação. Dirigido por Márcio Meirelles e interpretado por Rejane Maia, Auristela Sá, Merry Batista, Cássia Valle, Fernando Araújo, Leno Sacramento, Valdinéia Soriano, Nildes Vieira, Arlete Dias, Gustavo Melo, Lázaro Ramos, George Washington, Lázaro Machado e Gal Quaresma.
O Bando de Teatro Olodum nasceu em 1990, elegendo como critério de seleção dos atores o envolvimento com a cultura e as questões de comunidade negra. Ao abordar questões sociais contemporâneas, o Bando tornou-se uma das principais companhias artísticas nacionais. Em dez anos de carreira, já produziu cerca de 15 espetáculos, além de cinema e tv.
22, 23,24 , 25 e 26/10 (19h) – Sexo? Sim, Obrigada ou A Arte de Guanguissar, com o grupo Mutumbela Gogo (Moçambique)
Um diálogo entre duas mulheres, que se desdobram em várias personagens para mostrar que, hoje, falar de sexo é uma opção social e política para recuperar o prazer, o amor e a alegria de viver. A direção é de Manoela Soeiro e, no palco, estão Lucrecia Paco e Graça Silva.
Mutumbela Gogo, criado em 1986, foi o primeiro grupo de teatro profissional de Moçambique. Já participou de vários festivais internacionais, viajando o mundo inteiro. O grupo mantém um projeto itinerante, que leva seu trabalho por todas as regiões e províncias de Moçambique, difundindo e discutindo a produção cultural.
29,30, 31/10, 01 e 2/11 (19h) – Kalla, o Fogo com Théatre Talipot, da Ilha da Reunião
Aqui se reconta um mito central da comunidade da Ilha vulcânica da Reunião. Reza a lenda que Kalla, mãe rebelde que escapa com seus filhos da escravidão, é capturada e jogada no coração do vulcão. Ao recusar-se a ser uma alma perdida, Kalla se torna a própria essência do fogo e se transforma em sua guardiã, além de protetora daqueles que ousam não se submeter à violência da escravidão e dos maus-tratos. Kalla, o fogo é uma ópera selvagem, composta por vozes líricas e por vozes tradicionais do Oceano Índico. Dirigido por Philippe Pelen Baldini e interpretado por Landy Andriamboavonjy, Laura Caronni, Yanis Desroc, Portia Manyike, Thierry Moucazambo e Mickaël Talpot.
O Théatre Talipot foi fundado na Ilha da Reunião em 1987 e há 16 anos desenvolve seu trabalho. Também faz parcerias importantes, como a firmada com o Théâtre de la Ville e a Ópera de Paris. Nos últimos três anos, Talipot apresentou-se em mais de 50 países.
Workshop com Phillipe Pelen Baldini, diretor do Grupo Talipot
Nos dias 22, 23 e 24 , sempre de 14h às 16h, o diretor do grupo Talipot, da Ilha da Reunião, Phillppe Pelen Baldini, vai ministrar um wokrshop onde vai ensinar as técnicas desenvolvidas através do seu trabalho de pesquisa e criação, baseado no diálogo entre culturas. A intenção é criar uma forma de expressão autêntica e contemporânea, na qual Philippe sugere misturar teatro, dança, canto e música. As inscrições podem ser feitas de 1º a 10 de outubro, no balcão do CCBB, onde os candidatos devem deixar seus currículos para pré-seleção.
Centro Cultural Banco do Brasil - CCBB
Rua 1° de Março, 66 – Centro - (21) 3808-2020
De quinta a domingo
Ingressos: R$ 10 (R$ 5 para estudantes)
