Alca não funcionará se não priorizar área social dos países em desenvolvimento, afirma secretário

10/10/2003 - 16h51

Brasília, 10/10/2003 (Agência Brasil - ABr) - O secretário-executivo do Ministério da Agricultura, Amauri Dimarzio, enfatizando a posição do Brasil, afirmou que a Área de Livre Comércio das Américas (Alca) não funcionará se não priorizar a área social dos países em desenvolvimento. "A Alca deve ser um instrumento de prosperidade e o homem o seu principal objetivo", comentou Dimarzio.

Segundo ele, a diferença entre ricos e pobres é intolerável e a Alca não deve ter como objetivo a hegemonia norte-americana, mas uma união solidária. "A integração econômica tem que ser feita sobre a base da eqüidade", afirmou Dimarzio, acrescentando que 500 milhões de latino-americanos têm o direito de opinar sobre a Alca porque o bloco econômico afetará suas principais fontes de receita.

Dimarzio reafirmou que o Brasil espera que o bloco adote a eliminação total dos subsídios às exportações agrícolas, assim como a regulamentação de todas as políticas aplicadas à agricultura e que tenham efeito equivalente aos subsídios presentes no comércio hemisférico. Ele informou que os subsídios europeus e norte-americanos chegam a US$ 320 bilhões ao ano.

Amauri Dimarzio também rebateu as alegações de que os países em desenvolvimento estejam acabando com as reservas ambientais no mundo, conforme notícia veiculada no jornal norte-americano "New York Times". Ele afirmou que a área dedicada à produção agrícola não está aumentando significativamente. "Ao contrário, em 1960 a área agrícola era de 1,2 hectare por habitante; em 2000, caiu para 0,5 e, em 2030, a previsão é que esta área seja equivalente a 0,3 hectare por habitante. Conforme Dimarzio, do total de área para expansão das atividades agrícolas no mundo, 50% se encontram na América Latina.

O Brasil, de acordo com o secretário, conta com uma área de 250 milhões de hectares agricultáveis, mas está utilizando apenas entre 90 e 100 milhões de hectares, sem afetar as áreas protegidas. "Estamos aumentando a nossa produtividade sem incorporar novas terras e o incremento da atividade agrícola se deve basicamente ao melhoramento genético", afirmou o secretário executivo.