Roberto Amaral abre mesa-redonda da conferência da Unesco em Paris

09/10/2003 - 16h45

Brasília, 9/10/2003 (Agência Brasil - ABr) - Ao abrir hoje, em Paris, mesa-redonda da 32ª Conferência Geral da Unesco, o ministro da Ciência e Tecnologia, Roberto Amaral, destacou que a exclusão digital é também uma exclusão social porque separa rico de pobres, da mesma maneira que separa países desenvolvidos dos que estão em desenvolvimento. O tema "Sociedade do Conhecimento" levou o ministro a refletir sobre as desigualdades que se impõem nesse aspecto.

Segundo ele, o mundo vive uma realidade onde o conhecimento é apropriado sob uma lógica de concentração dos meios e do capital, condenando à marginalidade os que não têm acesso à educação, ciência e cultura. Essas são as áreas de atuação da agência das Nações Unidas que realiza o evento até o próximo dia 17.

Sobre a exclusão digital, o ministro enfatizou que há uma percepção errada de que a Internet é um fenômeno global. "Num mundo de 5,6 bilhões de habitantes, só 150 milhões são usuários de computadores pessoais. Menos de 7% desses usuários de computador pessoal têm acesso direto à rede e menos de 1% da população mundial tem acesso à Internet", disse Amaral. Ele lembrou que o controle do conhecimento pode exercer o monopólio do poder sobre as sociedades menos desenvolvidas. "O monopólio do poder científico que será a matéria-prima do poder político", completou.

Para Amaral, é preciso agir contra esta tendência, e o caminho mais rápido é a disseminação da informação e do conhecimento a partir de investimentos maciços em pesquisa e desenvolvimento, na ciência da informação e da computação, na informática e na tecnologia. O ministro pediu à Unesco que apóie o uso do software livre, cuja adoção pelos países em desenvolvimento, em sua opinião, significaria redução de custos e autonomia. Ele disse ainda creditar à agência da ONU o papel de desenvolvimento de uma série de iniciativas de apoio aos países em desenvolvimento, neste campo.

Em vista disso, o ministro apresentou cinco propostas de interesse brasileiro à Unesco, além do pedido de apoio ao uso do software livre: criação de uma rede internacional de conhecimento científico e tecnológico de natureza pública e acesso gratuito; criação de um fundo para promoção da educação, ciência e cultura no ciberespaço, que apóie as escolas públicas, universidades e centros de pesquisa nos países em desenvolvimento; realização de estudo sobre os poucos padrões tecnológicos que se propõem para a TV Digital e sua influência nos fluxos de bens e serviços em educação, ciência e cultura; proteção dos direitos e liberdades individuais e promoção de uma cultura de segurança no ciberespaço; e, por último, Amaral solicitou à Unesco que trabalhe pela criação de um consenso internacional pela conversão de parte da dívida dos países em desenvolvimento em investimentos para a inclusão digital.