Brasília, 8/10/2003 (Agência Brasil - ABr) - O ministro da Controladoria-Geral da União, Waldir Pires, cobrou hoje da Organização Não-Governamental Transparência Brasil que aponte casos de corrupção no governo do presidente Lula. Ele considerou "absolutamente inadmissível" que a Transparência Brasil fale em retrocesso no combate à corrupção no governo Lula. Lembrou que somente este ano, a Controladoria já realizou auditorias em 181 municípios e participa de investigações de desvio de bilhões de reais pelo Banestado, no extinto Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER) e nas Superintendências de Desenvolvimentos da Amazônia (Sudam) e do Nordeste (Sudene).
Quanto áas cobranças da Transparência Brasil de mecanismos mais eficazes de prevenção à corrupção, o ministro destacou que já foi criado e está em processo de regulamentação o Conselho de Transparência Pública e Combate a Corrupção. Este conselho, ressaltou, será constituído de forma paritária entre representantes do governo e da sociedade civil. O compromisso do colegiado será debater e sugerir estratégias de combate à corrupção e à impunidade e propor medidas para o aperfeiçoamento dos métodos de controle da Administração Pública.
O secretário-geral da Transparência Brasil, Cláudio Weber Abramo, disse esta semana que o governo Lula descumpriu o que tinha assumido na campanha presidencial no que se refere ao combate à corrupção. Afirmou, ainda, que em alguns casos o atual governo chega a ser pior que o do presidente Fernando Henrique Cardoso no controle da corrupção. Como exemplo, citou a viagem da ministra da Assistência e Promoção Social, Benedita da Silva, à Argentina, com recursos públicos, onde participou de um encontro evangélico.
Especificamente sobre este caso, Waldir Pires disse tratar-se de um problema "típico de ética pública e não de corrupção". Concordou que do ponto de vista funcional seria melhor que a ministra devolvesse aos cofres públicos os recursos recebidos para a viajem e defenda seus argumentos de que a ida a Argentina teve uma agenda de interesse público. "Assim, ela poderia ser ressarcida futuramente dos gastos efetuados", disse.
O controlador-geral da União garantiu que o governo federal não é complacente com a atitude de Benedita. "O que não pode é querer promover um linchamento público", defendeu. No seu entender esse episódio não merece toda a repercussão dada pela mídia, e lembrou que no Brasil "a corrupção é gigantesca e há grande complacência com este comportamento". Disse que não se pode perder tempo com casos como este, que qualificou de "pecado venial", que cabe à Comissão de Ética Pública apurar.