Marcelo Bordalho
Repórter da Rádio Nederland

O Parlamento da Turquia aprovou nesta terça-feira o envio de tropas ao Iraque, apesar da administração iraquiana, apoiada pelos EUA, ter dito que não quer uma força turca no país. Os parlamentares aprovaram o envio por 358 votos a favor contra 183, um dia depois de o governo ter decidido mandar mais de 10 mil homens para ajudar na estabilização do vizinho ao Sul.

O Conselho Governante iraquiano, cujos 25 integrantes foram nomeados por Washington, para administrar de forma interina o país pós-Saddam Hussein, disse nesta terça-feira que não aceitaria em seu solo tropas de qualquer país vizinho. No entanto, é o administrador civil de Washington no Iraque, Paul Bremer, que tem a palavra final sobre os assuntos de Estado.

O envio das tropas turcas é um pedido antigo dos Estados Unidos. A Turquia é o segundo maior exército - após o americano - na Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e será o primeiro país de maioria muçulmana a enviar tropas ao Iraque. A decisão indica um recuo importante para o parlamento turco, que no início desse ano rejeitou a instalação de forças dos EUA em território turco para uma invasão ao Iraque.

Depois de uma reunião prolongada de cinco horas, o gabinete da Turquia assinou a autorização do parlamento para o envio de 10 mil homens ao Iraque, em resposta a uma petição da OTAN, aliada aos Estados Unidos, pedindo a Ankara para que enviasse ajuda militar ao país constantemente em atritos. Os termos do envio das tropas prevêem um mandato limitado de um ano. Acredita-se que o contingente será o maior de um país estrangeiro depois dos Estados Unidos.

Para evitar problemas com os curdos no norte do Iraque e de repente complicar ainda mais uma situação já delicada de segurança, a força de paz turca se instalará possivelmente no chamado triângulo de Sunni no noroeste do Iraque, passando por Bagdá, Norte de Mosul e até ao Oeste, na fronteira jordaniana.