Lula determina ao Itamaraty que ministros sejam informados das negociações sobre a Alca

08/10/2003 - 19h25

Brasília, 8/10/2003 (Agência Brasil - ABr) - O Itamaraty vai comunicar, a partir de agora, aos ministros de áreas envolvidas com as negociações para formação da Área de Livre Comércio das Américas (ALCA) o andamento das negociações. sobre a criação do bloco. A decisão foi tomada hoje, durante almoço de vários ministros com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Palácio do Planalto, que também pretende participar das discussões, segundo informou, na tarde de hoje, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim. "A condução das negociações cabe ao Ministério das Relações Exteriores. Nós levamos essas negociações, mas é necessário manter uma comunicação permanente", comentou Amorim.

Nos últimos dias houve críticas dos ministros Roberto Rodrigues, da Agricultura, e Luiz Fernando Furlan, do Desenvolvimento, à maneira como a equipe chefiada por Amorim conduziu a posição brasileira, sem comunicar aos ministérios envolvidos, na última reunião preparatória à formação da Alca, em Trinidad e Tobago. Segundo os dois ministros, os membros da Câmara de Comércio Exterior não foram comunicados sobre as decisões do Brasil. "Não havia nada de novo na proposta que o Mercosul fez em Triniddad e Tobago. Houve apenas uma tabulação em linguagem de declaração presidencial", argumentou o ministro das Relações Exteriores.

Amorim também negou que o Brasil tivesse tomado uma posição intransigente e, com isso, tivesse sido isolado pelos outros negociadores. "Essa idéia de isolamento ou é um certo complexo de perseguição ou tática de desacreditar posições. Nós temos posição. Queremos discutir propostas e as nossas propostas são práticas e pragmáticas. Não estamos barganhando nada. Não estamos intransigentes", declarou Amorim ao defender que o Brasil propõe encontrar solução para questões que interessa ao país, tendo em vista que outros países tiraram da pauta
de negociações importantes para o Mercosul, como os subsídios agrícolas e a política antidumping.

O ministro foi enfático ao negar que seja contrário à formação da Alca. "Não sou contra a Alca. Sou a favor de uma negociação soberana da Alca, que leve em conta interesses do Brasil de longo prazo, além dos interesses comerciais de curto prazo", declarou. Participaram da reunião com o presidente Lula, além de Amorim, os ministros Luiz Fernando Furlan, da Casa Civil, José Dirceu, da Fazenda, Antônio Palocci, do Trabalho, Jaques Wagner e o assessor da Presidência para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia.