Exportações de carne crescem 27% no acumulado do ano e Brasil quer mais

08/10/2003 - 16h41

Brasília, 8/10/2003 (Agência Brasil - ABr) - As exportações brasileiras de carne aumentaram 27,24% nos nove primeiros meses do ano, em comparação a igual período do ano passado. Chegaram a US$ 2,8 bilhões. A venda da carne bovina foi a que mais contribuiu para esse resultado. O incremento foi da ordem de 33,3%, o que representou US$ 1,01 bilhão. O maior volume exportado, entretanto, foi o de carne de frango: 1,4 milhão de toneladas, seguida da carne bovina "in natura", com 440 mil toneladas. O anúncio foi feito pela Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec).

Os principais compradores da carne bovina "in natura" foram o Chile, a Holanda, o Egito e o Reino Unido. Esses países, inclusive, eleveram suas compras em 32%, 11,5%, 158% e 64% respectivamente. As vendas para o Egito, por exemplo, geram uma receita entre US$ 7 milhões e US$ 10 milhões por mês. Esse país, segundo o presidente da Abiec e ex-ministro da Agricultura, Pratini de Moraes, simboliza bem a guinada no campo comercial brasileiro. Atualmente a carne brasileira é conhecida em mais de uma centena de países. Em 1999, o leque era bem menor, ou seja, 44 países.

Na comparação entre setembro deste ano e de 2002, as exportações de carne subiram 14,85%. Alcançaram US$ 418 milhões. A carne de frango "in natura" foi a vedete. As vendas chegaram a US$ 184,5 milhões. Na seqüência, vieram a de bovino "in natura": US$ 111,9 milhões, cujos principais fregueses foram a Holanda, Chile, Reino Unido e Egito.

Apesar dos bons resultados, Pratini pede cautela nas previsões de vendas no próximo ano. Segundo ele, ano que vem é época de eleição nos Estados Unidos e, portanto, haverá chance maior daquele mercado ficar ainda mais restrito do que atualmente. No entanto, adverte, os exportadores não devem ficar parados. É recomendável que se busque intensificar as relações bilaterais, principalmente na área agrícola. De acordo com o especialista, o país não pode se fiar somente nas negociações multilaterais, como a da Organização Mundial do Comércio (OMC), com vistas a vender mais lá fora.

Experiências exitosas de negociações bilaterais já podem ser notadas. A Rússia e a China, por exemplo, estão hoje no rol dos principais fregueses. Essa parceria, considera Pratini, é altamente salutar, uma vez que a renda nesses dois países tem crescido consideravelmente e, com ele, o consumo de carne.

Feira na Alemanha: mais chances de aumentar vendas

No período de 11 a 15 de outubro, representantes da indústria de carne brasileira vão participar da feira de Anuga, em Colônia, que movimenta milhões de dólares anualmente. Na oportunidade, haverá chances de realizar contatos com importadores de toda a Europa. Os mascates brasileiros farão uso inclusive de métodos pouco ortodoxos de vendas. Vão montar uma churrascaria dentro da feira e servirão produtos vinculados ao consumo da carne, tais como caipirinha - com limão do Piauí -, café brasileiro e farinha temperada.

Reforma Tributária e o Agronegócio

Pratini de Moraes teme que a Reforma Tributária não sirva para os interesses dos pequenos produtores, já que prevê aumento na carga tributária. Desse modo, haveria repasse nos preços para o consumidor final, entre 7% e 10%. "Seria um absurdo permitir que a reforma tributária, além de representar aumento de tributos, represente aumento de preço de alimentos. Eu defendo uma completa revisão da questão da tributação do agronegócio."