Porto Alegre, 6/10/2003 (Agência Brasil - ABr) - A Justiça do município Júlio de Castilho concedeu reintegração de posse da fazenda Bom Retiro, invadida na madrugada de hoje por cerca de 1.200 integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST). Localizada a 345 quilômetros de Porto Alegre, com 1.600 hectares, esta foi a quarta vez nos últimos nos últimos dez anos que a fazenda foi invadida. O MST reivindica do governo o assentamento de três mil famílias de agricultores na região.
O proprietário Gabino Schiavon, que pediu a reitegração de posse pela manhã, também registrou queixa-crime na Polícia Civil, afirmando que foi agredido com uma coronhada, teve uma espingarda apontada para a cabeça pelos invasores encapuzados, que deram muitos tiros para o ar, e danificaram benfeitorias na sede da fazenda, arrombada às quatro horas da madrugada . Os líderes do movimento negam as agressões. A Justiça deu cinco dias de prazo para a desocupação da fazenda.
O superintendente do Instituto Nacional de Reforma Agrária (Incra) no estado, César Aldrigue, também se deslocou para Bom Retiro, com o objetivo de intermediar as negociações. Ele informou que a fazenda, por já ter sido invadida quatro vezes, não pode ser vistoriada pelo órgão, de acordo com Medida Provisória editada pelo governo federal .A MP impede a desapropriação de áreas invadidas por sem-terra por dois anos.
Além de um Batalhão de Operações Especiais de Santa Maria, e soldados da Brigada Militar de Júlio de Castilhos, várias viaturas da Policia Rodoviária Federal (PRF).encontram-se na entrada principal da fazenda, à margem da BR-158. Segundo o comandante da Brigada Militar na região, tenente-coronel João Vargas, 400 homens de Cruz Alta, Santa Maria, Santiago e de Porto Alegre, serão mobilizados para dar cumprimento à reintegração de posse da fazenda, quando terminar o prazo para desocupação determinado pela justiça.