Caminhada pelo desarmamento reúne cerca de 50 mil em Recife

06/10/2003 - 8h18

Recife, 6/10/2003 (Agência Brasil - ABr) - Cerca de 50 mil pessoas, entre artistas, políticos, empresários, representantes da sociedade civil, além de vítimas da violência, praticada com armas de fogo, participaram ontem (5) da Marcha Brasil sem Armas, na orla maritíma de Boa Viagem.

Promovida pelas organizações não-governamentais Viva Rio e Cidade Cidadã, a marcha reuniu o ministro da Saúde, Humberto Costa; o vice-governador de Pernambuco, Mendonça Filho; o prefeito do Recife, João Paulo; senadores, deputados federais, estaduais, além de outras autoridades. O músico Marcelo Yuka, do grupo O Rappa, paraplégico após ser baleado durante um assalto no Rio de Janeiro, disse que está nas mãos da sociedade reverter a questão da violência, sem esperar que as mudanças venham só dos administradores. Ao lado de outras vítimas de armas de fogo, como a empresária pernambucana Mosana Cavalcante, de 38 anos, ele abriu a caminhada que saiu do segundo jardim da Praia de Boa Viagem, seguida por um trio elétrico, grupos de maracatu, orquestras de frevo e bonecos gigantes.

O senador Renan Calheiros (PMDB-AL) disse que é preciso mudar a concepção de que o cidadão armado está protegido da violência. "O bandido sabe atirar e surpreende, enquanto o cidadão de bem não sabe manejar a arma e, se o bandido percebe que a pessoa está armada, atira. Se arma não ajuda a defesa pessoal, então é preciso restringir a venda e o uso dela", destacou.

O deputado Maurício Rands (PT-PE) explicou que o Brasil tem menos de 3% da população do muindo e registra anualmente 13% dos crimes que acontecem com armas de fogo no planeta. O projeto que trata do desarmamento, lembrou, foi alterado em vários pontos na Comissão de Segurança da Câmara, como por exemplo na redução da idade (25 para 21 anos) para se adquirir uma arma.

Já o relator do projeto, Luiz Eduardo Greenhalg (PT-SP), também presente à caminhada, disse que a onda de manifestações populares em favor do desarmamento, que começou no Rio de Janeiro, só vai terminar no Rio Grande do Sul. E o senador Sérgio Guerra (PSDB-PE) lembrou que o problema da criminalidade só será resolvido com o entendimento, a polícia, o cumprimento das leis e o desenvolvimento econômico, que gera emprego.