Brasília, 2/10/2003 (Agência Brasil - ABr) - O Brasil não vai adotar o sistema de rastreabilidade no gado bovino por lotes em propriedades, como querem os criadores de gado bovino. A garantia foi dada hoje, em entrevista por telefone, pelo secretário executivo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Amauri Dimarzio, que está em Clermond-Ferrand, no sul da França. Segundo ele, a rastreabilidade será individual "como o comprador exige". "Se for por lote, perdemos o mercado da União Européia", explicou.
O sistema individual brasileiro de identificar o animal com chips de computador em comunicação direta com o satélite leva todas as informações do animal a uma base de dados. Lá, cada cabeça de gado tem um documento ("passaporte") que, de acordo com futuras exigências dos europeus, vai incluir atestado sanitário de que o animal exportado é de rebanho livre de aftosa, brucelose, tuberculose e leucose.
De acordo com o secretário, essa complexidade deve ser discutida com base em níveis técnicos, a partir da próxima reunião da cadeia produtiva, em Brasília, ainda neste mês. Na sua viagem à França, Dimarzio constatou que todos os animais são identificados. "Se um animal chegar a um frigorífico e sua identificação não for encontrada no registro de rastreabilidade, ele é imediatamente destruído e incinerado".
O secretário disse que ficou surpreso com o sistema francês, num jantar ontem à noite. Por brincadeira, ele perguntou que tipo de carne estava sendo servida e, como resposta, o responsável pelo restaurante trouxe a embalagem do alimento com o selo numerado e identificado com código de barra, no qual constavam todas as informações sobre o animal abatido. "Estou levando o selo para o Brasil".