Brasília, 1/10/2003 (Agência Brasil - ABr) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva lembrou hoje, após sancionar o Estatuto do Idoso, que em política as coisas nunca acontecem como se quer, "acontecem sempre como é possível acontecer". Segundo Lula, uma das coisas mais difíceis na política é a unanimidade. Os comentários foram feitos a propósito da reunião de ontem com os governadores, convocada para discutir a unificação dos programas sociais, e que acabou sem consenso sobre a proposta de reforma tributária. "A política existe justamente para exprimir as diferenças e as formas de agir e de pensar. É bom que seja assim, porque essa diversidade muito enriquece", afirmou Lula.
O presidente lembrou que são raras as iniciativas que recebem a concordância de todos os segmentos e afirmou que o Estatuto do Idoso é um desses casos. Para o presidente, com a aprovação do estatuto, a defesa da dignidade do idoso passa a ser um compromisso de toda a sociedade. Ele lembrou que é necessária a adesão de todos para que o estatuto seja cumprido e os direitos das pessoas da terceira idade, respeitados. "A partir deste Dia Internacional do Idoso de 2003, envelhecer neste país é mais do que sobreviver, é mais do que resistir, é mais do que ficar olhando a porta à espera da visita que não vem. A partir de hoje, a dignidade do idoso passa a ser um compromisso civilizatório do povo brasileiro", afirmou o presidente.
O presidente lembrou que o Estatuto do Idoso passa a proteger os direitos dos 20 milhões de cidadãos da terceira idade no Brasil e vem pagar uma antiga dívida que a sociedade brasileira tinha com os mais velhos. "Seus 119 artigos formam um guarda-chuva de garantias legais que a sociedade devia aos seus idosos. A partir de agora eles terão uma ampla proteção jurídica para usufruir direitos da civilização, sem depender de favores, sem amargurar humilhações e sem pedir para existir. Simplesmente viver como deve ser a vida em uma sociedade civilizada: com muita dignidade" disse Lula.
Lula aconselhou às pessoas idosas que, quando se aposentarem, não fiquem em casa, "atrapalhando" a família, procurem alguma coisa para fazer, alguma coisa para tornar seu dia prazeroso. "Quando completei 50 anos, eu tomei uma decisão na minha vida. Eu sabia que tinha menos tempo para a frente do que já tinha vivido, então decidi tornar esse menos tempo que eu tinha pela frente mais prazeroso", concluiu.
Apesar de o presidente Lula ter considerado o Estatuto do Idoso um projeto "unânime", que contou com o apoio das diversas correntes políticas, a iniciativa causou polêmica dentro do governo. Durante a solenidade em que foi sancionado o estatuto, o ministro da Saúde, Humberto Costa questionou o artigo que proíbe o reajuste dos planos de saúde por faixa etária e pediu que seja retirado da nova legislação. a justificativa do mministro é que a redação não é clara.