Brasília, 1/10/2003 (Agência Brasil - ABr) - Proteger a língua portuguesa do excesso de estrangeirismos foi o principal tema de debate promovido hoje pelo Diretório Central de Estudantes da Universidade de Brasília (UnB). A professora Enilde Faustich, do Instituto de Letras, disse que é preciso, primeiro, fazer a diferença entre língua e idioma. Explicou que o termo língua não pode ser usado como sinônimo de idioma e lembrou que o português é falado em vários países e que o próprio Brasil, que fala esse idioma, tem várias línguas. A professora aproveitou para lembrar também que o próprio presidente do Brasil se expressa somente em português por todo o mundo. E perguntou: "quer promoção melhor que essa"?
Já o autor do projeto, o deputado Aldo Rebelo (PCdoB-PE), considera que o mais importante para os brasileiros é saber que a língua dá plenas condições para a comunicação. Ele afirmou que a proposta do projeto de lei é ajudar na promoção do idioma. "A globalização ainda não despertou no país a necessidade de buscar maior promoção e participação do idioma pelo mundo. Hoje, o problema é maior, mas a situação é mais favorável para buscarmos isso", acrescentou.
Para Rebelo, melhorar o ensino da língua portuguesa é um desafio do país, pois "não adianta ser um excelente físico ou historiador, se não dominar bem o português". Ele defende a necessidade de se elevar a qualidade do ensino, porque o maior beneficiado é o próprio país. O deputado disse que o Brasil se esforça para integrar-se com a América Latina, África e China e, nesses países, é preciso criar demanda do aprendizado da língua portuguesa.
O Projeto de Lei 1.676/99 foi aprovado em agosto deste ano pela Comissão de Educação e Cultura da Câmara com o texto original da proposta, apesar de um substitutivo do senador Amir Lando. Segundo a professora Enilde, o substitutivo pretendia mudar o projeto, incluindo expressões que considera "pesadas" como "proteger a língua", "manter a soberania nacional". Para ela, isso nada tem a ver com a proposta, que é promover o idioma. De acordo com a professora, se esses termos fossem mantidos, dariam a impressão de que a independência do Estado brasileiro está sendo ameaçada, ou algum dos Três Poderes está sendo prejudicado.