Cetem desenvolve método mais econômico de detectar contaminação de mercúrio

01/10/2003 - 13h49

Rio, 1/10/2003 (Agência Brasil - ABr) - Um método alternativo para medir a concentração de mercúrio em peixes, desenvolvido por cientistas brasileiros, vem despertando interesse em países que procuram uma opção de baixo custo para identificar essa forma de contaminação. A técnica, que tem um custo dez vezes menor do que o convencional, foi apresentada por um mês para 11 pesquisadores da cidade de Manado, capital da província de Norte Sulawesi, na Indonésia, pelo Centro de Tecnologia Mineral (Cetem), onde o trabalho foi desenvolvida pela pesquisadora Allegra Viviane Yalouz.

O peixe é a principal via de intoxicação do ser humano por mercúrio, substância muito usado em regiões de garimpo que, só no Brasil, respondem por 80% da contaminação que causa danos cerebrais, descontrole motor e pode levar à morte. A nova técnica pode ser aplicada por agentes comunitários treinados, com apoio de centros de pesquisa e Universidades.

Os pesquisadores da Cetem retornaram ao Brasil na 2ª feira (29) e já estão convidados pela Unido, órgão da ONU, para apresentar o método na França. O Brasil integra o projeto Mercúrio Global desenvolvido pela Unido que reúne, ainda, a Indonésia, Tanzânia, Laos, Sudão, Zimbabuwe.

Antes, o método foi ensinado para cinco pessoas da comunidade de Itaituba, no Pará, na Bacia do Rio Tapajós, onde há extração de ouro. A técnica consiste, segundo o Cetem, "na na retirada de 10g de amostra de peixe que são solubilizadas com mistura de ácido oxidante, seguida de adição de reagente redutor e aerada para a expulsão do mercúrio formado. O metal é forçado a passar por um papel detetor recoberto com emulsão contendo iodeto cuproso. A intensidade da cor do complexo formado é proporcional à concentração de mercúrio na amostra original. Ao final da determinação, o operador é capaz de classificar a amostra de acordo com as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS), por comparação com a cor desenvolvida por padrões internacionais.

Segundo Allegra Yallouz, esse trabalho pode ser desenvolvido em comunidades com pouca infra-estrutura, bastando ter luz elétrica. Será preciso a instalação de um mini-laboratório sob a orientação do Cetem, num espaço de 8 m². Também será necessário reservar uma pequena área para permitir o uso de ácidos corrosivos sem risco para o operador. O tema foi tese de doutorado da pesquisadora na Pontifícia Universidade Católica (PUC), entre 1995/1997, e a técnica foi concluída por ela no Cetem.