Brasília, 29/9/2003 (Agência Brasil - ABr) - Depois de um dia de reuniões com autoridades do governo federal, em Brasília, mulheres representantes da Marcha das Margaridas estão otimistas. Elas acreditam no atendimento de suas reivindicações pelo governo. As trabalhadoras rurais apresentaram, no dia 26 de agosto deste ano, durante a Marcha das Margaridas, uma pauta de reivindicações ao presidente da República. Passados mais de 30 dias, vieram hoje cobrar do governo. Queriam saber o que está sendo feito para facilitar o acesso à terra, garantir saúde integral à mulher do campo, acabar com a impunidade e a violência na área rural e melhorar o salário mínimo. O ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rosseto, deu boas notícias: "no que depender do Ministério, a maioria das reivindicações das trabalhadoras rurais será atendida".
Rossetto garantiu, ao receber o grupo de mulheres, que várias medidas já estão sendo tomadas para atendê-las. Em breve, será elaborada uma instrução normativa para conceder o direito conjunto à titulação da terra, ou seja, tanto o homem quanto a mulher da mesma família serão os donos da terra. O ministro também informou que, em 2004, será feito um debate para elaborar, em conjunto com toda a sociedade, novo modelo de reforma agrária para o país.
"Estamos satisfeitas com o governo. Parece que desta vez os nossos pedidos serão atendidos", disse Margarida Pereira da Silva, do Movimento de Trabalhadoras Rurais do Nordeste. Acrescentou, no entanto, que a luta continua, pois as mulheres ainda estão longe de conquistar todos os seus direitos.
No Ministério da Educação, o encontro também foi otimista. O ministro Cristóvam Burque lançou a Coordenadoria de Educação no Campo que vai tratar, de forma mais direcionada, a educação dos trabalhadores rurais, uma exigência do setor há anos. Para a ministra da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, Emília Fernandes, o grupo pediu mais agilidade para reduzir a violência no campo. A coordenadora nacional de Mulheres, da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Raimunda de Mascena, informou que os maiores registros de violência rural são domésticos. "A ministra Emília Fernandes disse que o governo já está ampliando as delegacias em defesa das mulheres. Vamos aguardar", completou Raimunda.
No Ministério da Previdência Social, as representantes não foram recebidas pelo ministro Ricardo Berzoini, como esperavam. Quem as recebeu foi o secretário-executivo da Casa, Álvaro Sólon. Vieram cobrar do ministro a inclusão dos trabalhadores rurais como segurados especiais no sistema previdenciário.
A pauta de negociações da Marcha das Margaridas em Brasília segue até o dia 3 de outubro. Amanhã (30), às 9 horas, as representantes do movimento participam de audiência no Ministério do Trabalho e às 16h30, no Ministério da Saúde. No dia 1º de outubro, às 9h30, terão uma segunda reunião com o ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rosseto, e às 15 horas, vão ao Ministério do Meio Ambiente. No dia 2 de outubro, às 14 horas, vão se reunir com o ministro da Justiça e às 16 horas, com o secretário especial de Direitos Humanos.