Brasília, 29/9/2003 (Agência Brasil - ABr) - O Partido dos Trabalhadores pretende fazer novas alianças para as eleições municipais do próximo ano. Conforme declarou o presidente do partido, José Genoíno, será definida uma política de alianças com base em relatório das cidades prioritárias e das capitais em que o PT já tem governo. "Nada será imposto, nada será feito na base da intervenção. Nós vamos conversar para construir uma grande unidade do partido, tendo em vista ganhar as eleições de 2004, que são municipais, mas que têm um resultado de repercussão nacional", disse.
O partido, segundo Genoíno, tem condições de fazer alianças em 14 estados com o PMDB, PTB, PL, PC do B, PSB, e PPS, e em alguns estados, com o PDT. "Apesar de a direção nacional do PDT estar em uma linha de oposição ao PT, temos condições de negociar", disse.
Sobre as trocas de partido dos parlamentares na última semana, o presidente do PT enfatizou que o partido e o governo não têm induzido novas filiações. Genoíno esclareceu que foram filiados três prefeitos e algumas personalidades políticas de afinidade histórica com o partido. "Os que se filiaram sempre ajudaram o PT nos momentos mais difíceis", explicou.
Sobre a filiação do presidente da Infraero e ex-senador Carlos Wilson, José Genoíno lembrou o papel dele na história política do partido. "Ele teve uma atuação importante de solidariedade, quando o PT viveu momento de extrema dificuldade em fazer alianças e sofreu derrotas", explicou.
Em relação às críticas que têm sido feitas ao partido de que o PT estaria arrebanhando parlamentares para o PSC, Genoíno ressaltou que o partido dos trabalhadores não tem recomendado filiações a outros partidos políticos e que o governo também não tem estimulado esses acordos.
"O que tem acontecido é as pessoas se movem dentro dos partidos que apóiam o governo. O PT está muito à vontade nesse sentido", disse.
Genoíno disse que existem mais critérios para filiação ao PT: o apoio ao governo Lula e as realidades locais de cada Estado. "A filiação não é mecânica. Tem partido que está com o governo, mas no estado é necessário fazer alianças. Vamos fazer as possíveis e depois vamos discutir, no segundo turno, a situação dos lugares onde é inviável um acordo", declarou.
O presidente do PT rebateu as críticas de que as indicações para cargos em estatais têm sido feitas puramente com base em critérios políticos. Genoíno garantiu que os critérios são técnicos. "O PT não está fazendo loteamento. O partido está privilegiando a carreira dessas instituições levando em conta critérios técnicos e idoneidade", esclareceu, ao dizer que o governo está respeitando as carreiras e as funções técnicas. "Nas funções gratificadas, mexemos em apenas 13%. Dos cargos de confiança, modificamos apenas 35%, ou seja estamos mantendo o grosso do corpo técnico da administração pública", declarou.
O presidente do PT informou que o diretório nacional vai examinar no final deste mês o caso da senadora Heloísa Helena (PT-AL), ameaçada de expulsão da agremiação devido ao seu posicionamento diante das reformas da Previdência e tributária. Genoíno explicou que a situação da senadora está sub judice no Conselho de Ética do PT. Ao comentar o interesse que Heloísa Helena tem manifestado para se candidatar à Prefeitura de Maceió, José Genoíno explicou que a parlamentar alagoana precisa votar com o partido. "Se a senadora acha tão importante se candidatar pelo PT, que é uma boa legenda, é importante também que ela esteja de bem com o partido, votando com a bancada do Senado", disse.
José Genoíno confirmou o interesse do PT em realizar uma campanha nacional de mobilização contra a violência no campo. O partido dos trabalhadores pretende reunir representantes sindicais, agricultores e o movimento sem-terra em uma campanha de esclarecimento à população sobre a violência nas disputas de terra, "nós vamos conversar com o governo sobre a importância de se dar fim, em algumas áreas, ao crime organizado, a pistolagem e à ousadia que tem resultado em execuções de pessoas no campo", disse