Furlan acredita em recuperação da indústria farmacêutica brasileira

29/09/2003 - 18h26

Rio, 29/9/2003 (Agencia Brasil-ABR) - Apesar da perda de competitividade do complexo de saúde na área industrial e de produção na última década, multiplicando por 7 nos últimos 20 anos o déficit comercial e a dependência do país em cima das importações, o ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, lembrou hoje a existencia de alguns "alentos", que estão caminhando no sentido da recuperação do setor e que podem ganhar uma maior velocidade.

Citou, entre eles, o Fórum de Competitividade da Indústria Farmacêutica, instalado no último dia 28 de maio, e a possibilidade de fabricação de medicamentos no país. O ministro revelou que 75% do mercado farmacêutico mundial são divididos por seis países (Estados Unidos, Alemanha, França, Japão, Itália e Reino Unido), apresentando grande concentração. As dez maiores empresas do setor têm 44% do mercado brasileiro e companhias brasileiras perderam espaço ao longo do tempo.

Somente na área de fármacos, o déficit comercial brasileiro foi de U$1,238 bilhão no ano passado. Furlan lembrou ainda que, nos últimos dez anos, o Brasil perdeu espaço também para outros países emergentes, como China e Índia, que adotaram políticas de incentivo à sua indústria e buscaram maior penetração no exterior.

A maior parte das importações feitas pelo Brasil é de produtos com patentes extintas e, portanto, com pouca barreira para a produção, o que abre a chance de fabricação no país desses medicamentos, disse Furlan, que participou da cerimônia de abertura do 2o. Seminário Nacional sobre o Complexo Industrial da Saúde, promovido pelo BNDES, e que se estenderá até o próximo dia 1o. de outubro.

O ministro do Desenvolvimento lembrou que à época da abertura comercial, nos anos 90, houve uma redução generalizada de alíquotas de importação para produtos farmacêuticos e isso potencializou a substituição da produção local por importados. Essa tendência foi alterada de forma módica com o lançamento dos genéricos, mas "o Brasil ainda está muito longe de ter sua capacidade de produção correspondente à demanda que temos hoje de baixo poder aquisitivo e com uma demanda de medicamentos extraordinária".

(Alana Gandra)