Brasília, 27/9/2003 (Agência Brasil - ABr) - As pernambucanas vítimas de violência contam com um serviço especial voltado para prestar assistência em caso de agressão física e moral. O Serviço de Apoio à Mulher, implantado pela Secretaria Estadual de Saúde (SES), em junho de 2001, funciona 24 horas no Hospital Agamenon Magalhães. A idéia é diagnosticar e tratar estes casos, além de contribuir para a prevenção da violência. A iniciativa conta com o apoio das
Secretarias estaduais de Justiça, Defesa Social, Educação, além da Defensoria Pública. Desde o início do funcionamento do serviço até agora, 1.010 mulheres foram atendidas, sendo a maioria vítima da violência física doméstica, tanto na capital quanto no interior do estado.
No local, as mulheres recebem orientação sobre seus direitos, tratamento médico e psicológico, além de acompanhamento na realização de exames no Instituto Médico Legal (IML) e para prestar queixa na Delegacia de Mulheres, caso desejem denunciar os agressores. O sigilo das
informações é totalmente garantido.
De acordo com a coordenadora do serviço, Andréa Ferro, a cada mês procuram atendimento de 20 a 30 mulheres vítimas de agressão física praticada pelos parceiros e de 12 a 15 que sofreram algum tipo de agressão sexual, desde abuso até estupro. Ela disse que, dependendo da gravidade do caso, a vítima de estupro fica até seis meses em tratamento médico e psicológico. Além da pílula do dia seguinte, a mulher recebe o coquetel contra doenças venéreas e também o tratamento contra o vírus da AIDS, que inclui cinco comprimidos por dia, durante um mês.
Andréa Ferro disse ainda que o serviço proporciona atendimento diferenciado principalmente para as mulheres que não têm consciência dos seus direitos como cidadã. Ela explicou que 80% das pessoas atendidas são de baixa renda, que não trabalham e não têm escolaridade. Contudo, ela ressaltou que a violência atinge todas as classes sociais, desde a analfabeta
até a pós-graduada.
O serviço conta com consultórios médico e psicológico, sala de exames, recepção, posto de enfermagem, sala para trabalho em grupo e suíte para repouso. O atendimento é feito por uma equipe integrada por assistentes sociais, médicos, enfermeiros, psicólogos e um psiquiatra, que se revezam em plantões de 12 horas. A Defensoria Pública está dando suporte ao serviço, tendo colocado à disposição um defensor público para prestar assistência jurídica, em casos como requerimento de separação do marido e guarda de filhos.
Ao procurar o Serviço de Apoio à Mulher, a vítima de agressão é acolhida pela assistente social que, a partir da entrevista e registro da história, faz o encaminhamento para o exame clínico e atendimento psicológico, destinado a fortalecer a auto-estima e contribuir para a reestruturação
emocional da mulher. Se houver necessidade de atendimento emergencial ou internação, médico e enfermeiro são acionados para acompanhar a paciente ao serviço de emergência.
Estudos da Organização Mundial da Saúde (OMS) constatam que 33% das mulheres sofrem violência na América Latina. No Brasil, a cada minuto, uma mulher é agredida. Fraturas, trauma neurológico por pancada na cabeça, gravidez indesejada, doenças sexualmente transmissíveis e danos psicológicos são algumas das seqüelas dessa violência.