Gabriela Guerreiro
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O presidente interino, José Alencar, voltou hoje a demonstrar desconforto por ter que assinar, na ausência do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a Medida Provisória que libera o plantio de sementes transgênicas na safra deste ano. Durante reunião com ministros e a comissão parlamentar que discute com o governo a questão dos transgênicos, no Palácio do Planalto, Alencar afirmou que na última 6a feira, quando o presidente Lula decidiu assinar a MP liberando o plantio para esta safra, "tudo parecia fácil, mas agora o governo se deu conta da complexidade do tema". O relato é do deputado estadual do Rio Grande do Sul, Frei Sérgio (PT), que integra a comissão parlamentar que acompanha o encontro.
O deputado deixou claro, porém, que o presidente interino vai assumir a responsabilidade caso decida, de fato, assinar a Medida Provisória. "Ele disse que responsabilidade não se transfere. Ele sabe que, o que assinar, será de responsabilidade dele", ressaltou Frei Sérgio. Na avaliação do deputado, o presidente Lula ouviu "apenas um lado do sino bater" quando, na semana passada, depois de reunião com o governador Germano Rigotto (RS), tomou a decisão política de liberar o plantio de sementes geneticamente modificadas na safra 2003/2004. "Ele só ouviu cientistas e enfeitiçados com a nova tecnologia. Temos que quebrar o feitiço do Lula", ressaltou o parlamentar.
A reunião de José Alencar com a comissão parlamentar e os ministros Márcio Thomaz Bastos (Justiça), Marina Silva (Meio Ambiente), Roberto Rodrigues (Agricultura) e Miguel Rossetto (Desenvolvimento Agrário), além de representantes da Casa Civil e do Ministério da Ciência e Tecnologia, prossegue no Palácio do Planalto. Segundo Frei Sérgio, o presidente interino pode adiar mais uma vez a decisão de assinar a Medida Provisória depois de ouvir novamente a posição de cada um dos participantes da reunião.