Brasília, 25/9/2003 (Agência Brasil - ABr) - Terminou hoje no auditório Nereu Ramos, da Câmara dos Deputados, o "Seminário Nacional de Políticas Públicas para a Juventude", que durante três dias discutiu propostas para o Plano Nacional de Juventude.
O presidente da Comissão Especial de Políticas Públicas para Juventude, deputado Reginaldo Lopes (PT-MG), disse que a participação de jovens de todo o Brasil no seminário foi um dos pontos mais marcantes, porque "a idéia é construir essas políticas com os próprios jovens dos mais diversos movimentos, como os culturais e os religiosos".
Segundo o deputado, agora a Comissão vai reunir todo o trabalho desenvolvido e elaborar um pré-projeto de um Plano Nacional de Políticas para a Juventude, que será debatido nas capitais brasileiras por todos os movimentos organizados da sociedade civil. O projeto final deverá ser votado até maio de 2004 pela Comissão Especial para, posteriormente, ser analisado pelo plenário da Câmara.
Além de representantes de meninos e meninas de rua e de grupos de hip-hop, o seminário contou também com a participação de palestrantes estrangeiros, entre eles, Eugenio Ravinet Muñoz, presidente da Organização Iberoamericana de Juventude (OIJ) e diretor-geral do Instituto Nacional da Juventude do Chile; e Yuri Chillán Reyes, secretário Geral da OIJ.
"Muitos países da Europa, como Espanha e França, têm políticas que se preocupam com a juventude há várias décadas. Como são países que têm uma distribuição de renda melhor, a implementação dessas políticas para a juventude é feita com mais facilidade. Agora, a metodologia que eles utilizaram não é muito diferente da que nós adotamos no Brasil", afirmou o deputado Reginaldo Lopes.
"Uma metodologia que entenda que a construção das políticas começa a partir dos jovens, que entenda as diversidades da juventude, assim como as diferenças regionais e culturais. Não precisamos inventar a roda. A experiência de outros países, especialmente os ibero-americanos, pode contribuir com o nosso trabalho, levando em conta a nossa realidade", destacou.
A representante do movimento Hip-Hop, Carla Cristiane Gomes Xavier, 29 anos, de Porto Alegre, considerou os debates do seminário bastante positivos para a elaboração de uma política para os jovens. Segundo ela, a participação de representantes dos movimentos sociais é fundamental para discutir essas políticas, inclusive para debater o orçamento a ser aplicado no setor. "Mas os movimentos sociais não estão sendo procurados pelo governo para discutir esses assuntos. Queremos participar mais e não ficar de tromba, ou seja, de fora das discussões dessas políticas", disse ela.
A representante do Fundo de População das Nações Unidas, Rosemary Barber-Madden, destacou que a ONU tem se preocupado com a questão da juventude no mundo todo e no Brasil não poderia ser diferente.
De acordo com Rosemary, "tentar estabelecer uma política pública para a juventude é um grande desafio a ser enfrentado pelo o governo, porque a questão é bastante abrangente". Ela lembrou que tem leis que já protegem os direitos dos jovens, mas há falhas nessa legislação que precisam ser corrigidas. No encerramento do seminário, o Fundo distribuiu uma cartilha abordando temas de interesse dos jovens como saúde, educação, trabalho, lazer, esporte e participação social.