São Paulo, 23/9/2003 (Agência Brasil - ABr) - O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, José Lopez Feijóo, reagiu às ameaças de demissões que teriam sido feitas pelo presidente da Volkswagen Mundial, Bernd Pischetsrieder, afirmando que "os trabalhadores só farão greve se a montadora não tiver maturidade para negociar de fato e insistir na atitude unilateral de impor suas decisões na base da força". Ele condenou a atitude dos dirigentes da montadora na Alemanha, assinalando que essas ameaças foram desastradas, e que não intimidará a categoria. "Nós não nos curvaremos a esse tipo de ameaça", disse Feijóo.
Para o líder sindical, não será com imposição que a Volkswagen conseguirá implantar o projeto Autovisão no Brasil (que prevê a transferência de funcionários para outros setores). Feijóo alertou que "é preciso ficar claro para a montadora que os trabalhadores responderão com todas as formas de luta ao seu alcance contra qualquer ataque aos acordos e não serão ameaças vindas da Alemanha que farão os trabalhadores recuarem".
Também rebateu as argumentações segundo as quais a adesão à greve implicaria em demissão para quem tivesse assinado o acordo de estabilidade. "Este sindicato jamais assinaria um acordo que proíbe greve. A afirmação é um grave engano e, além de desastrosa, mostra que a matriz desconhece o teor dos acordos firmados pela fábrica", desabafou Feijóo.
De acordo com a Volkswagen no Brasil, até agora não houve nenhuma comunicação oficial por parte da matriz confirmando as declarações. O projeto Autovisão foi criado pela montadora sob a alegação de necessidade de uma reformulação do quadro de pessoal diante da falta de demanda no mercado que levou a uma ociosidade na produção, hoje em torno de 45%. Pelos cálculos da empresa, 3.933 funcionários foram considerados excedentes e, por isto, inseridos no Autovisão. A proposta apresentada em julho foi rejeitada pela categoria e a negociação chegou ao impasse.
Carlos Gustavo Yoda/Marli Moreira