Líder do Simply Red diz que a banda foi a que mais vendeu discos nos anos 90

23/09/2003 - 17h27

São Paulo, 23/9/2003 (Agência Brasil - ABr) - Enquanto no Autodromo Internacional de Brasilia, ao som de martelos e furadeiras, os técnicos e operários fazem os últimos ajustes nos palcos do
Brasília Music Festival, as principais atrações internacionais seguem a dura maratona de rock stars. Hoje, o líder do Simply Red , Mick Hucknall, a vocalista dos Pretenders, Chrissie Hynde, e Alanis Morissette enfrentaram dezenas de jornalistas em um hotel em São Paulo.

O evento, que pretende colocar o Planalto Central na rota dos maiores festivais musicais do mundo, espera receber, entre os dias 25 e 27 deste mês, até 300 mil pessoas. A cidade, que projetou músicos como Renato Russo e Cássia Eller e as bandas Capital Inicial, Paralamas do Sucesso e Plebe Rude, terá dois palcos principais, um reservado para bandas locais e uma tenda
para música eletrônica.

O vocalista do Simply Red diz ter grande expectativa para as apresentações no Brasil. O líder da banda, no entanto, criticou a atuação do sistema alfandegário brasileiro. Hucknall disse que houve uma confusão na chegada ao aeroporto. Segundo ele, foi preciso passar por fiscais da alfândega por duas vezes, o que lhe causou transtornos e atraso no desembarque. "Esse tipo de
coisa prejudica a imagem do Brasil lá fora. É preciso tratar melhor os estrangeiros que aqui chegam", afirmou.

O líder do Simply Red ficou um pouco irritado durante a entrevista com o número excessivo de perguntas dos jornalistas sobre a ligação da banda com a geração musical dos anos 80. Ele ressaltou que a banda foi a que mais vendeu discos nos anos 90.

A canadense Alanis Morissette, que já vendeu mais de 40 milhões de discos, mostrará, em primeira mão no Brasil, quatro canções de um novo trabalho a ser lançado este ano. Ainda durante a estadia em São Paulo, a cantora irá gravar uma participação especial na nova novela das oito da Rede Globo, "Celebridade", junto com o líder do Simply Red.

A polêmica Chrissie Hynde, líder dos Pretenders, conhecida também por ser vegetariana militante, jogar bombas no McDonald's e ter sido presa por rasgar casacos feitos com couro de vacas indianas na loja da GAP em Nova Iorque, foi crítica ao falar sobre a atual situação do rock.

"É lamentável a exuberância aparente das bandas de hoje. O talento musical não deve ser realmente um atributo a se buscar. A compaixão, a humildade e capacidade de ajudar as pessoas devem ser perseguidas", destacou.

Sobre o mercado fonográfico, Chrissie lembrou do desligamento da banda com a gravadora Warner: "Foi tudo muito simples. Nós não vendemos o suficiente, e eles nos expulsaram. Há muita confusão. Eles investem tanto em bandas idiotas e mentem para o consumidor. O CD é muito caro, está tudo inflacionado. Dou a maior força para quem baixa música na internet, e o direito de acesso à cultura".

A falta de criatividade e repetições de estilos sem atitude preocupa a cantora. "O movimento punk está morto. O que existe é um estilo de se vestir e as drogas que envolvem tudo isso. O universo da música é composto por 12 notas. Tudo já foi feito, cabe ao artista mesclar as coisas. Mas o que é excitante mesmo é a postura e a atitude", afirma. Ela acredita que o rock não vai mudar o mundo: "As bandas apenas oferecem entretenimento. Mas é claro que a voz de John Lenon nos ajuda a, pelo menos, viver mais felizes".

Alanis Morissette é a estrela da primeira noite do BMF (dia 25), quando também se apresentam as bandas Capital Inicial e Jota Quest. Ela também fará show no ATL Hall (Rio de Janeiro), no dia 27. Os Pretenders, que tocam no dia 26 em Brasilia, farão um show esta noite, no Credicard Hall (São Paulo). Já o Simply Red fará mais duas apresentações além do show do dia 26 no BMF:
no dia 24, toca em São Paulo (Credicard Hall), e no dia 27, em Porto Alegre (no ginásio Gigantinho). Além deles, o BMF, que será realizado no Autódromo Internacional de Brasília, terá shows de Live, Fernanda Abreu, Titãs, Charlie Brown Jr., Ultraje a Rigor, Tihuana, entre outros. Carlos Gustavo Yoda