Recife, 23/9/2003 (Agência Brasil - ABr) - Mais de 70 cientistas do Brasil, Europa, Estados Unidos, Canadá e da América Latina se reúnem de amanhã (24) até sábado (27) para discutir o plantio, comercialização, segurança e precauções com os produtos transgênicos. Eles vão participar, no Mar Hotel, do II Congresso Nacional de Biossegurança e do III Simpósio Latino Americano de Produtos Transgênicos.
De acordo com Leila Oda, presidente da Associação Nacional de Biossegurança (Anbio), mais de 60 milhões de culturas transgênicas são plantadas no mundo. Leila destacou que, com o aumento da produção de algodão transgênico, a China conseguiu reduzir em até oito vezes o índice de contaminação dos trabalhadores rurais por agrotóxicos.
Ela explicou que a tecnologia dos transgênicos diminui o processo de agressão ao meio ambiente e aumenta a produção de alimentos para a população. "Se temos um programa Fome Zero, como o do governo federal, temos que nos preocupar em ampliar a oferta de alimentos desenvolvendo culturas mais nutritivas, seguras e que possam contribuir na melhoria da qualidade do meio ambiente", enfatizou Leila.
A presidente da Anbio salientou que é preciso quebrar a resistência da população contra os produtos geneticamente modificados, mostrando que o objetivo da tecnologia é reduzir a agressão ambiental que ocorre com o uso de agrotóxicos, que provocam doenças.
O professor Richard Phippes, da Universidade de Reading, na Inglaterra, informou que a União Européia importou dos Estados Unidos e da Argentina 13 milhões de toneladas de farelo e grão de soja para ração animal modificados geneticamente, no ano passado.
Ele informou que a regulamentação da rotulagem dos produtos transgênicos começou a mudar há um mês na União Européia, com a legislação passando a exigir a etiquetagem de derivados com óleo de soja.
No final do evento será divulgada a carta do Recife, um documento com sugestões a ser encaminhado ao presidente Lula e ao Congresso Nacional, para que o assunto seja tratado com "considerações científicas, sem levar em conta a discussão emocional", disse Leila Oda.
Além do tema transgênicos, os participantes dos dois eventos irão discutir clonagem, avanços na pesquisa nas áreas de manipulação genética, biotecnologia na agricultura e bioterrorismo.
Márcia Wonghon