Estudo das Nações Unidas aponta que esporte é caminho para inclusão social

19/09/2003 - 11h38

Brasília - O mundo pode ser menos perigoso se os governos incentivarem mais a prática do esporte. Esta é a conclusão de um estudo feito por dez agências da Organização das Nações Unidas (ONU), a pedido do secretário-geral da entidade, Kofi Annan, intitulado "Esporte como uma ferramenta para o Desenvolvimento e a Paz".

O documento final sobre o estudo foi escrito pela diretora-executiva do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), Carol Bellamy, e pelo conselheiro de assuntos esportivos Adolf Ogi, do secretário-geral da ONU. No texto, eles observam que o esporte, promovido de forma criativa, com o envolvimento de atletas conhecidos, de federações esportivas, de fabricantes de materiais esportivos, de organizações não-governamentais e do governo, pode trazer resultados significativos para a solução de problemas crônicos da atualidade.

O documento aponta que a atividade física, recreativa e esportiva pode melhorar o desempenho escolar; diminuir a discriminação contra as mulheres, os portadores de deficiência física e os idosos; encorajar a tolerância e o respeito; promover a saúde pública; reduzir as diferenças étnicas, sociais e culturais; sustentar o desenvolvimento da economia local e a criação de
empregos; e, ainda, ajudar na cura de distúrbios psicológicos entre vítimas de guerra ou de abuso.

Muitos casos foram analisados em várias partes do mundo para se chegar às conclusões. Entre as experiências, o estudo menciona o projeto de inclusão social no Brasil, em que jovens infratores tratam suas frustrações com a prática do judô e da ginástica. Também são apresentados os exemplos da Zâmbia, Botsuana, África do Sul, Tanzânia e Uganda, onde crianças de rua e de orfanatos aprendem habilidades de convivência com o basquete, a dança e
outras atividades. Casos sobre recuperação de drogados e de tratamento de pacientes com soro positivo do HIV, utilizando o esporte, também são citados no relatório.

Ao final, os autores afirmam que o esporte deverá se tornar uma tendência consolidada no desenvolvimento da agenda das Nações Unidas, deixando de ocupar apenas o espaço de iniciativas informais e isoladas.

No Ministério do Esporte, o estudo da ONU recebeu avaliação positiva. Para o ministro Agnelo Queiroz, o governo brasileiro já tem se empenhado na tarefa de inclusão social que a área pode exercer. De acordo com ele, o programa Segundo Tempo, que oferece a alunos da rede pública do ensino fundamental a prática do esporte nas escolas, é um grande avanço neste sentido.

Outros programas do Ministério também tratam de aspectos levantados no estudo, como o Pintando a Liberdade, que oferece renda a presos que trabalham confeccionando material esportivo, e o Pintando a Cidadania, que estará abrindo núcleos de fabricação de artigos esportivos em comunidades com alto nível de desemprego. Além de garantir renda às famílias mais pobres, o Pintando a Cidadania ainda vai destinar parte do material produzido para a prática esportiva nas próprias comunidades.