Brasil, como líder dos países em desenvolvimento, incomoda ''ricos'', diz Mantega

19/09/2003 - 14h42

Brasília, 19/9/2003 (Agência Brasil - ABr) - O ministro do Planejamento, Guido Mantega, definiu hoje como "um jogo normal, de gente grande no mercado internacional", as eventuais reações dos países ricos à liderança do Brasil no G-22 (grupo de países em desenvolvimento formado pouco antes da V Reunião Ministerial da Organização Mundial do Comércio (OMC), em Cancún, México, para defender o fim do protecionismo e subsídios dos países ricos à agricultura). "Cada um puxa por seus interesses e você tem que se juntar em blocos porque se trabalhar isoladamente pode ficar fraco", afirmou o ministro.

Segundo ele, foi uma grande idéia criar um bloco com países de médio e grande porte com potencial, como a Índia, China e Brasil, para defender os interesses comuns no comércio mundial. "São países continentais que têm grande capacidade de absorção de investimentos e de comércio exterior e isso deve ter incomodado", disse o ministro. Para ele, evidentemente, os "grandes" esboçam uma reação, mas vão ter que continuar negociado.

Mantega também acredita que a posição do Brasil, durante e após o encontro do México, não trará represálias e queda nas transações comerciais nas negociações multilaterais ou bilaterais. "Não vejo nenhum problema. É uma reação normal e ficará apenas no nível do palavrório".

O ministro, que fez palestra para empresários britânicos na Embaixada do Reino Unido, fez questão de deixar claro que hoje existem dois tipos de investidores. Um, criticado por ele, como muito preocupado com a concorrência do "Brasil que está ganhando mercado" e outro que acha o país atraente para os seus negócios, com chances boas de rentabilidade.

"É um investidor que está percebendo que aqui seus negócios podem ter uma rentabilidade que não têm nos Estados Unidos e na União Européia, onde as taxa são menores", disse Mantega.

Para o ministro, essa situação é ótima porque o investidor, ao perceber que o Brasil hoje é mais produtivo, numa série de setores, e deverá ser o maior produtor de alimentos nos próximos três a quatro anos, virá buscar o lucro aqui.