Rede de ONGs lança campanha para salvar o que restou das florestas de araucária

17/09/2003 - 18h42

Brasília, 17/9/2003 (Agência Brasil - ABr) - A Rede de ONGs da Mata Atlântica lançou hoje a campanha SOS Araucárias. O objetivo é reivindicar a adoção de medidas que protejam os remanescentes da Floresta com Araucária. A estimativa é a de que apenas 3% das reservas desse bem florestal estão preservados.

Os ambientalistas querem pressionar o Governo para a criação imediata de Unidades de Conservação (UCs) federais nos estados de Santa Catarina e Paraná. A coordenadora da Rede, Miriam Prochnow, afirmou que a campanha tem como objetivo evitar que o restante da Floresta desapareça. "Vamos pressionar o Ibama e a Casa Civil, que está com o decreto que cria as Unidades de Conservação, para editá-lo até o final do ano ", adiantou.

Em Santa Catarina, as Unidades de Conservação deverão ser criadas nos municípios de Abelardo Luz, Ponte Serrada e Água Doce. No Paraná, as UCs deverão abranger a região de Camdoi, Guarapuava, Turneiras do Oeste, Cianorte e Palmas.

Durante a campanha, a Rede de Ongs da Mata Atlântica também vai reivindicar a criação de Unidades de Conservação estaduais. Os ambientalistas querem ainda incentivos para o reflorestamento da araucária e de outras árvores nativas em áreas de Reserva Legal e de Preservação Permanente (APP).

A campanha pretende ainda obter modificações no Programa Nacional de Florestas. De acordo com Miriam Prochnow, é importante que seja incluída a preservação de espécies nativas nas linhas de financiamento. Atualmente, o programa privilegia a liberação de recursos para projetos voltados para a preservação somente de espécies exóticas.

A Campanha SOS Araucárias vai propor ainda a implantação de projetos para outros usos da floresta, que não sejam com fins madeireiros. "A utilização do pinhão (semente da Araucária) e da erva mate podem ser alternativas econômicas para a comunidade local", afirmou Prochnow. A Campanha disponibilizou na internet um modelo de carta ao presidente da República para que qualquer pessoas possa acessar e enviar mensagens. (www.rma.org.br)

A araucária é conhecida como pinheiro-do-paraná, árvore característica do sul do Brasil. Curitiba recebeu esse nome por causa da origem do nome "araucária", que no tupi significa "muito pinhão". A arvore é o símbolo do Paraná e está presente na bandeira do estado.

Atualmente, a araucária está ameaçada de extinção por causa da exploração da madeira para produção de móveis, resina e papel, além do desmatamento para fins agrícolas. As únicas áreas contínuas que ainda abrigam a espécie são os parques e reservas.

O ecossistema das araucárias recobria cerca de 81 mil quilômetros quadrados do território nacional, estando hoje reduzido a 5% da sua área original. Por ser parte do bioma Mata Atlântica, a Floresta de Araucária é patrimônio nacional previsto no Decreto Federal 750, de 10 de fevereiro de 1993.

Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente, de 2001, determina a suspensão das autorizações de corte e exploração de espécies ameaçadas de extinção, em populações naturais no bioma Mata Atlântica, até que sejam estabelecidos critérios técnicos, cientificamente embasados, que garantam a sustentabilidade da exploração e a conservação genética das espécies exploráveis.

Apesar das medidas e da legislação em vigor, a floresta continua sendo devastada. De acordo com a ONG, nos últimos dois séculos, a expansão de atividades econômicas e das cidades reduziu a floresta com araucária a aproximadamente 5% de sua área original, dos quais menos de 1% guardam todas suas características originais. Esses remanescentes encontram-se hoje muito fragmentados e dispersos, o que contribui para diminuir ainda mais a variabilidade genética de suas espécies, colocando-as sob efetivo risco de extinção.