Câmara de Comércio Árabe-Brasileira investe em agência de notícias para dobrar exportações

17/09/2003 - 20h10

São Paulo, 17/9/2003 (Agência Brasil - ABr) – A Câmara de Comércio Árabe-Brasileira lançou hoje uma agência de notícias voltada exclusivamente para a troca de informações comerciais e culturais entre o Brasil e o mundo árabe e incentivar novos negócios. Na opinião da entidade, que agrega cinco mil empresas de todo o país, a falta de informações dos árabes sobre o Brasil, e vice-versa, tem feito com que empresários percam boas oportunidades de negócios. "Há um desconhecimento do potencial de comércio de ambos os lados", explicou o presidente da câmara, Paulo Sérgio Atallah.

As exportações brasileiras para os países árabes, no ano passado, foram de US$ 2,6 bilhões. Mas um estudo entregue pela Câmara de Comércio Árabe-Brasileira ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva no início do ano mostra que as exportações podem subir para US$ 7 bilhões até 2007.

No estudo, a entidade pediu a Lula que colocasse os países árabes entre as prioridades do comércio exterior, fazendo uma visita à região logo no primeiro ano de mandato – o que já foi marcado para dezembro – e promover a abertura de escritórios comerciais brasileiros na região. "Mas, além do empenho político e diplomático, precisamos de mais conhecimento e informação dos dois lados", comentou Atallah, explicando a importância da nova agência de notícias.

A Agência de Notícias Brasil-Árabe (ANBA) conta com seis jornalistas e correspondentes em várias capitais brasileiras. As informações do mundo árabe virão de agências e órgãos de imprensa do Oriente Médio. O noticiário, em português e inglês, pode ser acessado gratuitamente pelo site www.anba.com.br.

O público alvo, no Brasil, são empresários, meios de comunicação e formadores de opinião. Mas o grande objetivo da agência, segundo Atallah, é fornecer material sobre o Brasil para os meios de comunicação e agências de notícia dos 22 países árabes. "A CNN e a BBC só transmitem informações negativas ou sobre desastres no Brasil", lamentou Atallah, acrescentando que há uma enorme carência de informação no mundo árabe sobre o que acontece na vida política, na econômica e nos negócios no Brasil.

O projeto da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira tem o apoio do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, que elogiou a iniciativa no vídeo de lançamento da nova agência. Furlan disse que intenção do governo é triplicar o comércio com os países árabes e que está, inclusive, articulando o lançamento de um canal fechado de TV que transmita informações do Brasil para o Oriente Médio.

Furlan, que é gerente do Conselho de Administração da Sadia, a maior empresa de carne processada do país, é um entusiasta do comércio com o Oriente Médio. A Sadia exporta para os países árabes há 30 anos. Começou com frango e agora vende até kibe congelado. "É uma empresa muito respeitada por lá", comentou Atallah.

Durante décadas, o comércio com o mundo árabe limitou-se produtos agrícolas, mas houve um incremento no setor de carnes e automóveis nos últimos anos. Segundo a câmara, há um mercado crescente para ônibus, tratores, veículos de passeio, móveis e calçados.

O bloco dos países árabes representa o quarto maior parceiro comercial do Brasil, com 300 milhões de consumidores potenciais. As exportações árabes para o país atingiram US$ 2,4 bilhões no ano passado. (Marcia)