Marcos Chagas
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O procurador da República, Luiz de Francisco de Souza, reagiu de forma veemente à decisão da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que investiga a remessa ilegal de dólares ao exterior de interpelá-lo sobre a declaração de que existem 400 políticos envolvidos na denúncia. Luis Francisco qualificou a decisão da CPI Mista de "jogo de cena" e uma tentativa de intimidá-lo. Lembrou que por mais de 12 horas prestou depoimento à comissão, quando, segundo garante, forneceu os nomes de mais de 400 servidores e políticos envolvidos com a remessa ilegal de dólares ao exterior. "Até agora não interpelaram nenhum deles", cobrou o procurador.
Na sua opinião, há setores do governo federal que querem investigar e outros que não querem. Há, a seu ver, um terceiro segmento que, em nome de garantir a aprovação da reforma da Previdência Social, "quer manter a comissão parlamentar em banho maria, estrangulada e manietada, o que em nada honra outras CPI’s, como a do narcotráfico, a do Judiciário e a do sistema financeiro".
Luis Francisco de Souza disse à Agência Brasil que mantém todas as suas críticas, mesmo porque as julga procedentes. "Não ofendi ninguém. Só se interpela uma pessoa por calúnia, injúria ou difamação e nada disso aconteceu", defendeu-se. O procurador reivindicou o direito de crítica garantido a todo cidadão brasileiro pela Constituição Federal.
Aos parlamentares da CPI Mista, ele recomendou que autuem os sonegadores, demitam servidores públicos federais e estaduais corruptos e intimem todos os políticos envolvidos no caso. Questionou, por exemplo, porque o ex-governador e ex-prefeito Paulo Maluf ainda não foi convocado para depor, bem como "alguns senadores".