MST vai manter invasões se famílias acampadas não forem assentadas logo

16/09/2003 - 17h58

Gabriela Guerreiro e Nelson Motta
Repórteres da Agência Brasil

Brasília - O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) continuará invadindo terras e órgãos públicos, se o governo federal não garantir, a curto prazo, o assentamento das 140 mil famílias de sem-terra acampadas pelo país. Segundo um dos coordenadores do MST, João Paulo Rodrigues, os trabalhadores rurais vão tentar, a "todo custo", garantir o assentamento dos acampados. "Se precisar ocupar, vamos ocupar, mas não é a nossa idéia central. A luta pela terra continua. Elas serão feitas de todas a formas", ressaltou.

Sobre a morte de sete trabalhadores rurais no sul do Pará, durante disputa de terras ocorrida no último final de semana, o coordenador do MST disse que elas são um problema da "direita" política brasileira, que quer "acabar" com os sem-terra no Brasil. Ele ressaltou que o objetivo não é acabar com os sem-terra assentando-os, e sim matando-os. "Queremos que o Poder Executivo iniba, imediatamente, as decisões dos grupos paramilitares que estão no campo", enfatizou. Na opinião de João Paulo, a violência contra os sem-terra é "incitada" por setores como o Poder Judiciário, os grandes latifundiários e pela "direita" política.

Diversos representantes do MST estão em Brasília para protestar contra a criação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca) e a comercialização de transgênicos no país. Os trabalhadores rurais já estiveram na Câmara dos Deputados, no Ministério da Justiça e no Supremo Tribunal Federal. Neste momento, eles estão sendo recebidos pelo secretário-geral da Presidência da República, Luiz Dulci. O MST vai pedir ao ministro que, ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, viabilize a realização de plebiscito para colher a opinião do povo brasileiro sobre a criação da Alca.