MST pede ao governo ações concretas contra a violência no campo

16/09/2003 - 19h36

Brasília, 16/9/2003 (Agência Brasil - ABr) - A direção nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) se reuniu hoje com o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, para pedir ações concretas de combate a violência no campo. Um dos diretores, Valdir Misnerovicz, disse que se preocupa com a formação das milícias armadas, e quer, também, que o ministério encabece uma ação coordenada entre o governo federal e os estados, para acabar com a violência praticada por policiais militares em situações de despejo. Dados do movimento indicam que, neste ano, houve 32 despejos, atingindo oito mil famílias. "Entendemos que cabe ao Ministério da Justiça fazer essa articulação e impedir a ação das milícias e das polícias militares que tem atuado na maioria dos estados com o objetivo de impedir o avanço da reforma agrária", afirmou.

Segundo Misnerovicz, o ministro se comprometeu em estudar as reivindicações e tomar medidas que possam contribuir para que o pleito seja atendido. O MST também se comprometeu em entregar denúncias de todas as infrações cometidas pelas polícias e milícias.

O ministro Nilmário Miranda, da Secretaria Especial dos Direitos Humanos, afirmou que o governo está preparando uma atuação preventiva de combate a violência no campo, com incentivo a criação de ouvidorias e a formação de juízes especializados na questão agrária. O ministro disse também que o governo quer o desarmamento no campo. "Conflito vai ter mesmo e tendo a reforma agrária tem conflito, nós já aprendemos isso. Mas ter conflito não significa ter violência, ter armas. Temos que evitar armas e violência", disse. Segundo Nilmário Miranda, os trabalhadores rurais do movimento disseram que vão colaborar com o desarmamento no campo.

A direção nacional do MST pediu ainda, durante o encontro, proteção aos 24 presos do movimento. "Vamos trabalhar junto com os estados, em cooperação com os estados, para garantir a segurança deles", disse Nilmário Miranda.

Para o presidente da Comissão Pastoral da Terra, D. Tomás Bladuíno, a reunião foi uma sinalização do rosto do governo Lula. "Foi bom esse encontro porque ele (Thomaz Bastos) reafirmou que mudou, disse, expressamente: "Esse ministério não é mais o ministério do tempo do Fernando Henrique Cardoso", afirmou. "Estamos satisfeitos", concluiu.

De acordo com o MST, 54 trabalhadores rurais foram assassinados este ano, 50% a mais que em 2002. Os estados onde a situação está mais complicada são Pará, São Paulo, Sergipe, Paraná.