São Paulo, 16/9/2003 (Agência Brasil - ABr) - Impedir que o gás das geladeiras continue sendo liberado na atmosfera em caso de manutenção do aparelho é a grande preocupação do governo no combate ao uso do CFC, gás clorofluorcarboneto, um dos principais produtos que corroem a camada de ozônio. O gás, que é utilizado em refrigeradores e medicamentos, destrói esse escudo natural que a Terra dos raios ultravioletas do Sol.
Desde 2001 o Brasil substitui o CFC na produção de geladeiras. Os equipamentos fabricados antes dessa data, quando necessitam de reparos podem ter o gás expelido, caso a manutenção não seja feita corretamente. "A industria nacional já se adequou a isso. Hoje é impossível comprar uma geladeira com CFC, pois devemos evitar ao máximo a liberação do gás da geladeira", disse o diretor de Qualidade Ambiental nos Assentamentos Humanos do Ministério do Meio Ambiente, Ruy de Góes Leite de Barros.
Ele, que participou em São Paulo do 8º Seminário Dia Internacional de Proteção da Cada de Ozônio, não descarta a possibilidade do Ministério criar alguma forma de atendimento ao cidadão para indicar técnicos habilitados em trocar o gás de geladeira, sem liberá-lo no meio ambiente. O correto é armazenar o produto e encaminhá-lo a centrais de reciclagem.
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, anunciou ontem (16) outras medidas para a eliminação CFC. O objetivo é treinar refrigeristas para que não permitam o escape do gás quando do reparo nos aparelhos e também aprendam a reaproveitar o produto. Nas alfândegas, os oficiais também serão treinados a identificar o CFC, controlando sua entrada ilegal no país. O programa prevê ainda a implantação de 10 unidades regionais de reciclagem e regeneração do gás. As unidades serão instaladas nos principais centros consumidores - São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. A meta é eliminar o uso do CFC até 2007, mesma expectativa no que se refere à emissão de brometo de metila, aplicado na agricultura.
Desde de 1987, o dia 16 de setembro é considerado o Dia Internacional de Proteção a Camada de Ozônio. Nesta data o protocolo de Montreal foi aberto para assinatura dos países que estivessem interessados em estabelecer metas de eliminação de produtos que prejudicam a camada de ozônio.
Embora a emissão de CFC tenha sido reduzida nos últimos anos, a estimativa é que em 2010 a camada de ozônio atinja seu pior estágio de degradação, isso porque os efeitos do CFC na atmosfera podem se estender por décadas. A boa notícia é que em 2050 a camada protetora pode estar totalmente restabelecida. O aumento da exposição aos raios ultravioletas provoca câncer e catara, além de destruírem a vida nos oceanos e prejudicar a agricultura.
Dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca) projetam para este ano o registro de 4480 casos de câncer no país. A previsão é que esse número pode dobrar a cada 10 anos. Além de evitar o uso de produtos que possam prejudicar a camada de ozônio é indispensável o cuidado pessoal, com o uso de protetor solar e dos óculos escuros.