Coordenação Nacional da Campanha contra a Alca apresenta reivindicações no Planalto

16/09/2003 - 19h47

Brasília, 16/9/2003 (Agência Brasil - ABr) - Depois de uma série de reuniões ao longo do dia com representantes dos Três Poderes para pedir a realização de um plebiscito sobre a criação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca), representantes da Coordenação Nacional da Campanha contra a Alca foram ao Palácio do Planalto apresentar suas reivindicações ao ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência, Luiz Dulci. O ministro representou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que retorna de viagem oficial à Colômbia. O movimento quer que o governo promova, oficialmente, um plebiscito para colher a opinião dos brasileiros sobre a criação da Alca.

A campanha também defende a votação do projeto de autoria do ex-senador Saturnino Braga, que propõe o adiamento por 20 anos das discussões sobre a Alca. Outros pedidos do movimento são uma auditoria sobre a dívida externa brasileira, e a retirada de votação do projeto de lei que autoriza a utilização comercial da Base de Alcântara, no Maranhão. "O ministro nos ouviu e disse que o governo tem muitas preocupações semelhantes às nossas, mas não necessariamente vai seguir aquilo que a campanha quer. Porém, nós temos esperanças de que o nosso documento seja apresentado ao presidente Lula e que tenhamos a possibilidade de conversar com ele para mostrar a importância desse plebiscito", ressaltou um dos coordenadores da campanha, Luiz Bassegio.

Dulci afirmou, em nota oficial, que reafirmou durante o encontro o compromisso do governo Lula de dialogar com os diferentes movimentos sociais, respeitando sua independência e autonomia. "O governo do presidente Lula, com serenidade e firmeza, tem dado reiteradas demonstrações de defesa dos interesses brasileiros e de afirmação da soberania nacional", disse o ministro na nota. Dulci lembrou que a atitude afirmativa do governo, sem "sectarismos", vem garantindo ao Brasil entendimentos no âmbito do Mercosul, nas negociações sobre a Alca, e na recente reunião da Organização Mundial do Comércio (OMC).

O ministro garantiu aos manifestantes que as reivindicações do movimento contra a Alca serão levadas ao presidente Lula. Para os coordenadores do movimento, os encontros realizados ao longo do dia de hoje vão resultar em atitudes práticas do governo e da Câmara dos Deputados. "A expectativa é que entremos num diálogo sobre o nosso pedido do plebiscito. Os países mais avançados fazem plebiscito. Não há porque não fazer plebiscito, ter medo. Fazer plebiscito é o governo se respaldar na nação, e é isso que nós queremos", ressaltou Bassegio.

Os manifestantes reuniram-se hoje com o presidente da Câmara, João Paulo Cunha, com o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Maurício Corrêa, e com representantes do Ministério das Relações Exteriores. Entre as entidades que integram a Campanha contra a Alca estão a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), o Movimento dos Sem-Terra (MST) e a Federação Nacional dos Metalúrgicos.