Brasília, 12/9/2003 (Agência Brasil ABr) - Ele é muito fino. As partículas do pó de ferro que há oito anos são desenvolvidas na Universidade de Lehigh, nos Estados Unidos, por Wei-xian Zhang, têm diâmetro variando de 1 a 10 nanômetros. Minúsculo mais útil. De acordo com Zhang, o pó de ferro pode ser empregado em larga escala na limpeza de solos e de reservatórios industriais de água que estejam contaminados por substâncias tóxicas.
Os resultados do estudo do cientista foram publicados este mês no Journal of Nanoparticle Research. Zhang, professor de engenharia civil e ambiental da universidade, faz, no artigo, uma revisão dos últimos oito anos do projeto, e aponta as novidades. Uma das principais está relacionada ao preço do quilo do pó de ferro em escala nanométrica. No início dos estudos, um quilo custava US$ 500 e agora pode ser comprado por dez vezes menos. Pelos cálculos do cientista, uma injeção de 11,2 quilos do produto consegue limpar uma área de 100 m².
As partículas do ferro têm a conhecida propriedade química de oxidar, o que pode ser percebido pela simples alteração de cor do metal. Basta olhar para um parafuso que fica anos e anos próximo ao mar, por exemplo. Nas substâncias químicas tóxicas, que estão no solo ou nos reservatórios, essa reação consegue algo mais importante ainda em favor do meio ambiente.
O pó de ferro é capaz de quebrar as moléculas tóxicas e de transformá-las em simples compostos de carbono. A toxicidade da nova substância é muito menor do que a inicial. Em relação aos metais pesados como níquel, cromo e mercúrio, a reação provocada pelo pó de ferro ultrafino acaba aprisionando as moléculas tóxicas e impedindo que elas entrem no solo e, conseqüentemente, na cadeia alimentar.
Outro ponto a favor do pó é o próprio tamanho diminuto de suas partículas. Como, com a diminuição do tamanho, aumenta a superfície de contato do produto, o composto é até mil vezes mais reativo que um pó de ferro tradicional. O manuseio da substância também se torna bem mais fácil. Em vez de um caminhão, uma simples injeção de 10 ou 20 quilos é suficiente.
Testes em laboratórios feitos em solos contaminados mostraram que, após uma aplicação do pó ultrafino, em até dois dias as substâncias tóxicas tornaram-se menos ativas. O pó continuou presente no solo por seis ou oito semanas. Nesse período, as medições mostraram níveis dentro dos limites permitidos pela lei de contaminação e que o ferro detectado pela amostragem não era superior à ocorrência natural do metal. (Agência Fapesp)