PF promete rigor na apuração de denúncia de envolvimento de agentes federais em contrabando

12/09/2003 - 14h23

Brasília, 12/9/2003 (Agência Brasil - ABr) - A Polícia Federal vai apurar com rigor as denúncias de envolvimento de agentes no esquema comandado por Roberto Eleutério da Silva, considerado um dos maiores contrabandistas de cigarros do país. A garantia foi dada pelo diretor-geral do Departamento de Polícia Federal, delegado Paulo Lacerda, durante solenidade de formatura de 514 novos policiais, na Academia Nacional de Polícia.

As investigações do Ministério Público Federal sobre o caso apontam a ligação de mais de 100 policiais, entre federais, militares e civis. "Daremos todo o rigor necessário nessas apurações. O fato de serem policiais apenas nos sinaliza que nós devemos ter um cuidado redobrado para que a nossa instituição esteja livre desses maus elementos", afirmou Lacerda.

Sobre a prisão preventiva do delegado Alexandre Morato Crenite, que trabalhava na Corregedoria da PF, Paulo Lacerda disse que o episódio mostra que a corporação adotou todas as providências necessárias. "Lamentavelmente, nós temos que dizer isso, acabamos por
prendê-lo, e ele está à disposição da Justiça". O delegado é suspeito de ter ligações com o empresário Ari Natalino da Silva, proprietário da Petroforte, investigado por evasão de divisas, adulteração de combustível, sonegação fiscal e formação de quadrilha.

Para o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, os dois casos devem ser vistos como um mérito da atual gestão da Polícia Federal. "Todos nós sabemos que não é possível trabalhar com uma equipe que não esteja efetivamente depurada", observou o ministro, lembrando que a investigação deve ser cuidadosa, para que não se cometam injustiças. "As pessoas têm que ter o direito de defesa, porque existe a presunção constitucional da inocência", disse. Bastos acrescentou que o trabalho, além de ter que ser feito com cuidado, deve ser conduzido de "maneira sistemática e implacável".

Sobre o delegado que foi preso em São Paulo, o ministro afirmou que ele terá a oportunidade de se defender, provar se é inocente. Depois, caberá à Justiça decidir. "É assim que se faz numa democracia. Às vezes, impacienta um pouco, é um pouco lento, mas é assim que se faz", explicou. "Não existe outra maneira de se fazer, a não ser por Ato Institucional nº 5, que somos radicalmente contra".