Brasília, 12/09/2003 (Agência Brasil - Abr) - O Brasil deve fortalecer as instituições multilaterais como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e disputar mais espaço de atuação dentro delas, tendo voz mais ativa, conforme entendimento do senador Aloízio Mercadante (PT-SP), líder do governo no Senado. Ele defendeu hoje a renegociação com o FMI, mas insistiu na necessidade de mudanças de conceito, como forma de o país "fugir da visão ortodoxa e monetarista do Fundo, que tem sido prejudicial ao Brasil e à América Latina".
De acordo com o economista e professor universitário, as autoridades econômicas devem explorar à exaustão os limites da negociação, com base em premissas que levem ao crescimento social e garantam o aumento da produção de bens e melhora dos serviços públicos - pilares fundamentais de qualquer governo que se preocupa com o bem-estar de seu povo. Mercadante disse que o país precisa recuperar sua capacidade de crédito e discutir conceitos dentro de um quadro de responsabilidade fiscal, com vistas a dar um salto de qualidade.
Ele fez essas considerações ao participar do XV Congresso Brasileiro de Economistas, no Hotel Nacional. Mercadante expôs as ações do Governo Lula rumo à retomada do crescimento econômico, e disse que nesses oito meses de administração "todos os indicadores relevantes da economia mostram sinais de recuperação", como o Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) e o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que em dezembro do ano passado chegaram, respectivamente, a 53,5% e 28,3%, e que vão fechar 2003 beirando a meta de inflação de 8,5%.
Mercadante falou da importância das negociações brasileiras realizadas na reunião da Organização Mundial do Comércio (OMC), em Cancún, no México, com vistas a flexibilizar as barreiras e reduzir os subsídios que Estados Unidos, Europa e Japão concedem a seus produtores. Esses gastos chegam a US$ 360 bilhões por ano, numa assistência interna que "destrói a competitividade" dos países em desenvolvimento. O Brasil se uniu a 20 países para defender seus interesses comerciais na OMC, contra a determinação dos ricos.
Esse é apenas um exemplo que, de acordo com Mercadante, dá a medida do esforço que o governo brasileiro vem desempenhando no cenário externo para fortalecer as relações internacionais, especialmente junto a seus parceiros latino-americanos. Ele lembrou a solidariedade manifestada pelo presidente Lula à Argentina, no início de seu governo, e a recomposição do Mercosul, que deve ser ampliado também ao Peru, com possibilidades de integrar mais países andinos.
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