Debate conclui que é necessário recuperar malha ferroviária

12/09/2003 - 14h20

Brasília, 12/9/2003 (Agência Brasil - ABr) - Debate promovido pela TV Câmara, tendo como tema "a situação do sistema ferroviário brasileiro", concluiu pela necessidade de que o Governo Federal implemente uma política de recuperação da malha ferroviária existente – 90% construída há mais de cem anos. Além disso, foi recomendada a criação de linhas especiais, principalmente nas regiões produtoras do Centro-Oeste, para escoar a produção agrícola com mais rapidez para o litoral, de modo a diminuir custos e alcançar preços competitivos no mercado internacional.

Foram avaliados o plano de revitalização das ferrovias, as mudanças na matriz viária do país e os projetos existentes no Congresso Nacional para melhorar o setor ferroviário. Participaram do debate os deputados Pedro Chaves (PMDB-GO) e Jaime Martins (PL-MG), coordenador da Frente Parlamentar em Defesa do Transporte Ferroviário; Bernardo Figueiredo, diretor da Valec Engenharia, Construções e Ferrovias S/A, empresa pública ligada ao Ministério dos Transportes responsável pela construção de ferrovias; e o presidente da Federação das Associações de Engenheiros Ferroviários (FAEF), Sérgio Augusto Messeder de Castro.

O deputado Jaime Martins lembrou que alguns setores da indústria nacional, que dependem da ferrovia para escoamento da produção, "vêm enfrentando sérios prejuízos pela escassez de transporte, pelo elevado custo imposto aos produtos brasileiros, tanto nas exportações quanto no abastecimento de mercados internos, levando-se em conta a precariedade da malha ferroviária, que necessita urgentemente de investimentos públicos e privados para o seu desenvolvimento". A isso se soma, segundo ele, "a lamentável situação da malha rodoviária que, em um país de dimensões do Brasil, certamente tem sido um dos grandes obstáculos ao desenvolvimento de diversas regiões".

O presidente da FAEF, Sérgio Augusto Messeder de Castro, defendeu a transformação do setor que comanda a área ferroviária nacional numa autarquia pública. Isso seria suficiente para evitar uma série de problemas, como, por exemplo, o bloqueio dos R$ 6 bilhões, que ocorre atualmente, que poderiam ser canalizados para a melhoria da malha ferroviária existente e ampliação das redes projetadas, para projetos como a Ferrovia Norte-Sul, necessárias ao escoamento da produção das fronteiras agrícolas do interior do país.

O representante governamental no debate, Bernardo Figueiredo, defendeu a parceria governo-iniciativa privada e garantiu que da parte do governo existe o empenho de procurar melhorar a malha ferroviária existente e procurar atingir as áreas de produção situadas nas regiões mais interiores do país.

O deputado Pedro Chaves criticou o fato de que as empresas que herdaram a antiga Rede Ferroviária Federal (RFFSA) no processo de privatização deram prioridade ao transporte de minérios de ferro, ao invés de trabalhar no escoamento da produção agrícola,. Ele chamou a atenção para o fato de os exportadores brasileiros pagarem pesadas multas por não conseguir entregar, no prazo, suas mercadorias nos portos, devido à deficiência no sistema de transporte ferroviário
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