Brasil não deve limitar ao agronegócio discussões em Cancún, diz Márcio Fortes

12/09/2003 - 18h21

Rio, 12/09/03 (Agência Brasil - ABr) - O ministro interino do Desenvolvimento, Márcio Fortes, disse hoje que um país como o Brasil, que tem uma variedade grande de produtos na pauta de exportações, deve priorizar a questão agrícola as negociações na reunião da Organização Mundial de Comércio (OMC), em Cancún, no México. Ele lembrou que, ainda que o agronegócio represente 40% da pauta de comércio, não se pode deixar de lado o apoio a outros setores.

Segundo Fortes, recentemente houve entendimentos na Argélia para a entrada de carne bovina do Brasil naquele mercado, o que pode representar até US$ 100 milhões anuais na balança comercial. Além disso, negociou-se com o Ministério de Recursos Hídricos a construção de barragens por empresas brasileiras. "Na verdade, se estamos brigando por agronegócio, é porque lá fora tem o problema do apoio interno (subsídio)", explicou.

Fortes lembrou que este não é um pleito só do Brasil. Prova disso é que o G-21 (grupo formado pelos países em desenvolvimento) está sendo ampliado, com a adesão de países com forte presença do agronegócio, que se sentem prejudicados por essas regras de comércio. Fortes destacou que as discussões em Cancún não são a última rodada, mas é preciso garantir que a proposta do grupo seja aceita. "Agora é a hora de bater, bater e bater. Se vai ser o momento de ter a resposta final, é difícil dizer, mas a gente vai engrossar a fileira, como se diz no Exército. Quer dizer, aumentar o número de participantes. Era um "gêzinho", já está em 21 e tem mais (países) aderindo", comemorou.

Para o ministro, faz parte da tática das negociações a estratégia adotada por países contrários à proposta do G-21 tentar dividir o grupo e partir para entendimentos em separado. "O outro lado quer começar a fazer acordo bilateral, para começar a dividir. Faz parte da tática".
Fortes concorda com a tese do ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, de que, se não houver acordo, a OMC vai ficar mais frágil. "Como está crescendo a participação dos países que têm agronegócio, se os interesses não forem atendidos, o organismo vai perder a força", afirmou
.