União Européia sinaliza eliminação parcial de subsídios às exportações, mas não agrada países pobres

11/09/2003 - 19h36

Brasília, 11/09/2003 (Agência Brasil - ABr) - Representantes da União Européia (UE) acenaram hoje, na V Conferência Ministerial da Organização Mundial do Comércio (OMC), em Cancún, no México, com a possibilidade de reduzir e até eliminar os subsídios às exportações de alguns produtos agrícolas.

A proposta, que tem o apoio dos Estados Unidos, não agradou o Grupo de Cairns, formado pelos principais países produtores agrícolas, entre eles, o Brasil, nem pelo G-21 - grupo dos países pobres e em desenvolvimento que se uniram para defender o fim do protecionismo no comércio internacional. "A eliminação dos subsídios apenas para alguns produtos não interessa porque abre uma negociação muito longa, quando o que queremos é a eliminação total dos subsídios à exportação", disse, de Cancún, o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Ivan Wedeckin.

Segundo ele, a proposta traz pouquíssimos avanços, já que os países em desenvolvimento não têm dinheiro para subsidiar a agricultura. "É como se tivéssemos num jogo de futebol. Os times estão entrando em campo, mostrando suas armas e suas vontades. Mas nesses primeiros momentos não há grandes avanços na negociação", explicou à Agência Brasil.

De acordo com o secretário, os negociadores que defendem o pleito do G-21 vão reunir-se ainda hoje com os representantes dos Estados Unidos para o momento mais difícil e "duro" da negociação. "Ao longo desta noite e no dia de amanhã é que o jogo vai efetivamente começar do ponto de vista das negociações", explicou.

Apesar da falta de avanços concretos, o secretário disse que as posições dos países que participam da conferência estão bem definidas. "Se não houver avanços na área da agricultura, se não houver abertura de mercado para os países em desenvolvimento, se não houver negociação agrícola, não haverá rodada da OMC em Cancún", concluiu.